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Executivo

Vídeo: Impeachment de prefeito de Caxias do Sul completa um ano

Daniel Guerra não quis falar sobre o assunto

Colunista - André Tajes

André Tajes

andre.tajes@serraempauta.com
21.12.2020 - 23h03min

André Tajes/Serra em Pauta
Foto Principal - Notícia

O dia 22 de dezembro de 2019 entrou para a história da política de Caxias do Sul. Há um ano, a Câmara de Vereadores votou pelo impeachment de Daniel Guerra (Republicanos), e interrompeu o mandato do chefe do Executivo municipal eleito em 2016 com 148.501 votos. Após 51 horas de sessão extraordinária ininterrupta, os vereadores acataram três das quatro denúncias, e por 18 votos a 4, Guerra foi afastado do cargo. Às 12h09min, o então presidente da Câmara de Vereadores, Flávio Cassina (PTB), declarou Guerra afastado do cargo.

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A Comissão Processante deu parecer pela procedência de três itens do processo: a proibição da bênção pública de Natal dos Freis Capuchinhos na Praça Dante Alighieri, a decisão de Guerra fechar o Pronto-Atendimento 24 Horas para reformas, ignorando o Conselho Municipal de Saúde, e a proibição da realização da Parada Livre na Dante. A mesma comissão considerou improcedente o item que tratava sobre possíveis irregularidades na licitação que definiu pela gestão compartilhada da Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) Central ao contrário do que havia deliberado o Conselho Municipal da Saúde. O tópico foi rejeitado por unanimidade

O pedido sétimo de impeachment foi protocolado no dia 27 de setembro do ano passado pelo ex-vice-prefeito, Ricardo Fabris de Abreu (sem partido).

A reportagem ouviu nesta segunda-feira (21), o ex-líder de governo na Câmara, o então vereador Renato Nunes (PL) e o vice-prefeito, Elói Frizzo (PSB), então vereador e um dos principais articuladores do impeachment. Eles comentaram sobre os bastidores que antecederam a votação que cassou o mandato de Guerra.

Por intermédio do ex-candidato a prefeito e ex-secretário da Saúde, Júlio Freitas (Republicanos), o site tentou ouvir o ex-prefeito, que preferiu não comentar sobre o assunto.

“Ele (Guerra) não pretende falar ou fazer qualquer manifestação”, disse Freitas.

O que dizem

“Até o último momento eu tentei reverter a situação”
“Eu fui o caro que mais vivenciou e sentiu na pele. Estava como líder de governo. Até nem lembrava essa questão de completar um ano. Faço um esforço tremendo para não lembrar. Vejo isso com muita tristeza. A cada pedido de impeachment (protocolado) eu dizia para ele cuidar. Ele dizia: não vai aconteceu por que o povo não vai deixar. Ele acha que jamais ia acontecer o impeachment. Eu sentia que ele me ouvia por obrigação, mas que ele não concordava comigo. Eu era o único cara que falava, os outros batiam palmas e achavam que ele estava certo. No sétimo pedido de impeachment tentei falar com ele, mas não me recebeu e mandou um envelope com os contrapontos dele e já não tive mais acesso a ele. No dia da votação, os apoiadores do Guerra chamaram os vereadores de ratos, roedores. Eu pedi para eles tirarem (os cartazes) mas continuaram gritando: “roedores”. Eu estava no plenário (durante a sessão de votação) e mandava mensagens para os vereadores, principalmente para aqueles que eu achava que poderia reverter o voto. Até o último momento eu tentei reverter a situação. Eu perdi o contato com ele muito antes do impeachment. Eu pedia para ter uma reunião e ele não me recebia. O Freitas colaborou muito com o impeachment por que era a pessoa que mais apoiava, que aplaudia e incentivava o Guerra.” Renato Nunes, ex-líder do Governo Guerra na Câmara.

“Ele cometeu um erro mortal ofendendo os vereadores”
“Na Câmara, o pensamento majoritário era de que dificilmente aconteceria o impeachment. Se tivesse vestido as sandálias da humildade poderia ter conversado com grande número de vereadores e reconhecido seus equívocos. Ele se postou numa posição de arrogância e de Joãozinho do passo certo e cometeu um erro mortal ao colocar todos os secretários no plenário da Câmara ofendendo os vereadores (de ratos). Criou um sentimento que o número de votos foi superior ao que prevíamos. Vai ficar marcado na história como o pior prefeito em todos os sentidos, de obras, de posicionamento administrativo que foi um fracasso e de relacionamento com a comunidade, que foi um fracasso maior ainda. Eu tenho convicção de que ele vai ter muita dificuldade para aprovar as suas contas. Até agora nenhum dos três anos das contas dele passou pela Câmara. Por enquanto, ainda não se tem o parecer do Tribunal de Contas (do Estado) da gestão Daniel Guerra. Os vereadores compreenderam que o impeachment da Câmara trata sobre a infração político-administrativa que tem sempre um componente político. Toda a defesa do Daniel era de que ele não havia praticado crime, mas a Câmara não julga crime. Quem julga crime é o poder judiciário. A Câmara julgou infrações político-administrativas e elas aconteceram com os episódios de autoritarismo da Praça Dante, mas também por um desgaste permanente do governo durante os três anos.” Elói Frizzo (PSB), vice-prefeito, ex-vereador e um dos principais articuladores do impeachment.

“Os motivos nunca foram relevantes para fazer o que fizeram”
“Tristemente, em dezembro de 2019, a democracia, em Caxias do Sul, sofreu seu maior momento de dor. Vimos um completo desrespeito ao voto de confiança que nos foi dado pela maioria dos caxienses nas eleições de 2016. Não fomos nós os maiores prejudicados com um impeachment forjado e sem crime. Os maiores prejudicados pelos 19 irresponsáveis e covardes vereadores de Caxias do Sul foram os cidadãos caxienses. (...) Durante três anos, o quadro pintado para os caxienses foi sempre o mesmo, desde o primeiro dia de mandato anunciavam que tudo “ia mal” na administração municipal. (...) Os motivos nunca foram relevantes para fazer o que fizeram, dando essa verdadeira bofetada na cara dos eleitores de nossa cidade. A farsa da “falta de diálogo” já começava a ser operada. Estava presente em todos os discursos de vereadores e pretensas lideranças empresariais”. Daniel Guerra, ex-prefeito do Republicanos, durante seu primeiro discurso público após o impeachment no dia 16 de setembro.

Como votaram

A favor do impeachment - 18 votos
Adiló Didomenico (PTB), Adriano Bressan (MDB, hoje no PTB), Alberto Meneguzzi (PSB), Alceu Thomé (PTB), Arlindo Bandeira (PP), Edi Carlos Pereira de Souza (PSB), Elói Frizzo (PSB), Edson da Rosa (MDB, hoje no PP), Felipe Gremelmaier (MDB), Kiko Girardi (PSD), Gustavo Toigo (PDT), Paula Ioris (PSDB), Paulo Périco (MDB), Rafael Bueno (PDT), Ricardo Daneluz (PDT), Rodrigo Beltrão (PT, hoje do PSB), Tatiane Frizzo (Solidariedade, hoje no PSDB) e Velocino Uez (PDT, hoje no PTB).

Contrário ao impeachment - 4 votos
Denise Pessôa (PT), Elisandro Fiuza (Republicanos), Renato Nunes (PR, hoje no PL). Abstenção: Flávio Cassina (PTB).

 

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