Pela sexta vez candidato a prefeito, aposta na avaliação positiva de suas gestões para superar rejeição de parte do eleitorado ao PT
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08.10.2020 - 15h04min
Em oito eleições municipais desde 1992, contabilizando-se 2020, Pepe Vargas (PT) é, pela sexta vez, candidato a prefeito de Caxias do Sul. Também elegeu-se cinco vezes deputado. Três vezes federal e duas estadual, e foi ministro de três pastas nos governos Dilma Roussef.
Em 1996, a primeira vitória, ante o favoritismo de Germano Rigotto (MDB), com 4,09% votos a mais. Quatro anos depois, no primeiro pleito com 2º turno do município, protagonizou com José Ivo Sartori a mais ferrenha disputa da história política de Caxias, reelegendo-se pela inacreditável margem de 824 votos, ou 0,49% de diferença. Na eleição seguinte, Sartori venceria a representante petista Marisa Formolo.
Confira a entrevista completa aqui.
O troco de Sartori viria em 2008, na disputa em que ambos concentraram o apoio de todos os partidos restantes ainda no 1º turno e que resultou na reeleição do emedebista com folgados 21.502 (8,16%) votos de diferença.
Em 2012, ministro de Estado de Dilma Roussef, Pepe atendeu pedido da presidente de abdicar da pré-anunciada candidatura. O retorno se daria em 2016, meses após o impeachment de Dilma e a crise nacional que assolou a imagem do PT, o que custou-lhe o ônus de sequer chegar ao 2º turno.
Neste pleito, Pepe confronta outros 10 concorrentes como única candidatura de esquerda – o vice é Cláudio Libardi (PCdoB) e a coligação conta ainda com o PSOL – e declaradamente de oposição aos governos que o sucederam desde 2004: Sartori (MDB), Alceu Barbosa Velho (PDT), Daniel Guerra (Republicanos) e Flávio Cassina (PTB).
Realizações contra rejeição – Prestes a completar 62 anos, o desafio do candidato, dessa vez, será suplantar a rejeição que boa parte do eleitorado preserva em relação ao PT desde a crise nacional, o que impactou nas eleiçõesde 2016 e 2018.
No que se refere a Caxias, Pepe acredita em uma retração dessa imagem negativa. “Os ataques ao PT ocorrem por uma parte da população, muito ativa nas redes sociais, mas não é um percentual majoritário”, considera. E para reconquistar o eleitorado local, a aposta está na avaliação positiva que o candidato acredita ter quanto às suas gestões a frente do Executivo, e na comparação com os sucessores.
“Vamos mostrar o que o PT fez por Caxias, e fizemos muito. Transformamos a cidade nas mais diversas áreas”, aponta. “Vamos debater temas municipais, a eleição não é para o âmbito nacional. A questão central para o eleitor é a solução dos problemas locais. Temos propostas realizáveis”, sustenta.
O eleitorado cativo e a fragmentação de votos entre os concorrentes do centro à direita amplificam o potencial de chegada ao 2º turno da candidatura petista, algo reconhecido pelos adversários. Pepe vislumbra a viabilidade de vitória. “Na eleição passada ficou evidente que a população rejeita arranjos partidários enormes. Já não venceram naquela ocasião”, observa.
Propostas prioritárias
Participação comunitária: “Vamos estabelecer muito diálogo e participação da comunidade, abrindo espaço para discutir as políticas públicas municipais, como sempre fizemos. Ouvir as reivindicações, discutir com a população, retomando o Orçamento Participativo, que na nossa gestão foi responsável por resolver muito da infraestrutura dos bairros Vamos focar em saúde, segurança, educação, emprego e renda e assistência social, que hoje é uma grande necessidade”.
Retomada econômica: “Em virtude da pandemia, as políticas de emprego e renda precisam de atenção imediata. Precisamos criar perspectivas de trabalho, traçando planos estratégicos para os diversos arranjos produtivos locais. Vamos discutir gargalos, as necessidades, e fomentar a retomada e o desenvolvimento econômico de Caxias”.
Logística e inovação: “A melhoria da estrutura logística é fundamental para o desenvolvimento econômico local e regional. Precisamos identificar novos setores de desenvolvimento, criando um ambiente de inovação tecnológica”.
Relação com os governos anteriores
Sartori e Alceu: “Foram governos que não aproveitaram o contexto econômico favorável proporcionado principalmente pelo governo Lula para desenvolver políticas públicas municipais capazes de receber suporte do governo federal”.
Guerra: “A saúde teve total retrocesso. Educação é outro sério problema. Caxias hoje não garante vagas escolares para todas as crianças. Foi obrigada a providenciar mediante decisões judiciais. Mas acima de tudo foi um governo que se notabilizou por não ter diálogo, e em buscar o conflito. Pensamos muito diferente”.
Cassina: “Nossas prioridades são muito diferentes. Como o governo anterior, também não teve políticas sociais de desenvolvimento econômico. Em 2014 havia 180 mil postos de trabalho formais na cidade. Em 2019, antes da pandemia, já tinha perdido 33 mil postos. E já foram mais 7 mil em 2020”.
Calendário
5/10 Adiló Didomenico e Antonio Feldmann
6/10 Carlos Búrigo e Edson Néspolo
7/10 Júlio Freitas e Marcelo Slaviero
Hoje Nelson D’Arrigo e Pepe Vargas
9/10 Renato Nunes, Renato Toigo e Vinicius Ribeiro
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