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Desafio contínuo

Secretaria da Educação de Caxias do Sul já identificou 16 estudantes com Altas Habilidades ou Super Dotação

Outros 19 alunos do ensino fundamental estão sob avaliação. Smed oferece assessoria específica para professores

Colunista - Redação

Redação

redacao@serraempauta.com
09.08.2022 - 19h59min

Elisabete Bianchi/Divulgação
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Desde o início do ano, a Secretaria Municipal da Educação (Smed) conta com uma assessoria técnica do setor de Atendimento Educacional Especializado (AEE) especificamente voltada para ajudar a identificar, distinguir e encaminhar alunos com Altas Habilidades e Super Dotação (AH/SD). Atualmente, já há 16 estudantes identificados com AH/SD e outros 19 sob avaliação na rede municipal de ensino.

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Os gêmeos Gabriel e Gustavo Gonçalves, 11 anos, matriculados na Escola Municipal de Ensino Fundamental Manoel Pereira dos Santos, são exemplos de um perfil de estudante que desafia a habilidade e o conhecimento geralmente exigidos dos professores. Recentemente, o mecânico Roberto Gonçalves, pai dos gêmeos, começou a ver indícios das habilidades dos meninos que preferem muito mais um rolo de fita crepe, que lhes oferece a possibilidade de construir o que bem entenderem, no momento em que tiverem a ideia, desde um barco pirata até um dinossauro. Introspectivos e cheios de energia, os dois estão entre os estudantes da rede municipal de ensino com trabalhos expostos no mezanino do Centro Administrativo Municipal até sexta-feira (12), durante a realização da primeira Semana Municipal de Altas Habilidades e Super Dotação.

Muitas vezes, os traços de comportamento apresentados por crianças e jovens como os gêmeos podem levar a uma confusão sobre tratar-se de Transtorno do Espectro Autista (TEA) ou Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) - e em várias ocasiões, esta é realmente a avaliação correta. Contudo, há momentos em que o conjunto de características de cada indivíduo resolve dialogar entre si e pedir passagem ao mesmo tempo. Ou seja, é possível que quadros de TEA ou TDAH apareçam junto com Altas Habilidades e Super Dotação (AH/SD).

"O carro-chefe de todo o processo é a identificação, para que possamos encaminhar o estudante para o AEE, onde terá acesso à suplementação das atividades. E agora já estamos buscando parcerias com outras instituições, a fim de buscar recursos capazes de ampliar a oferta de programas", revela a assessora técnica Valéria Castilhos.

Estratégias para responder a desafios contínuos

Valéria também é professora na Escola Municipal Carlin Fabris, onde a novidade entre alguns estudantes mais curiosos é o Role-Playing Game (RPG) – um tipo de jogo analógico que requer e desenvolve habilidades narrativas, interpretativas e lógicas. Popularizado em meados da década de 1970, nos Estados Unidos, um dos títulos mais conhecidos no formato, Dungeons & Dragons, voltou a ser assunto entre o público jovem graças aos serviços de streaming de vídeo.

"Conheci o jogo no YouTube e comecei a apresentar agora aos colegas. Ainda estou aprendendo e tentando montar um grupo para jogar. O mais legal é a emoção, imaginar os lugares e criar a história", conta Maria Clara Ribeiro Goulart, 14 anos, aluna do 8º ano.

Uma das primeiras parceiras no manejo dos bonecos em miniatura de aventureiros e exploradores, tabuleiros, escudos de papel e dados com 20 lados manifesta sentimento parecido:

"Descobri o jogo pelo YouTube e gostei muito. Tem a emoção das batalhas, a atuação...", comenta Lauren Dotti da Cunha, 13 anos, aluna do 7º ano.

A utilização do RPG ilustra parte das estratégias desenvolvidas pelos professores para dar conta do desafio imposto pela capacidade além da média dos estudantes.

Atualmente, 20 escolas da rede municipal já integram o movimento.

"Estes alunos costumam ser muito autodidatas. Eles buscam assuntos por conta própria e trazem para sala de aula. Isso também faz com que nós, professores, tenhamos de acompanhar este ritmo. É algo que nos desafia e também faz com que procuremos alternativas para responder a esta demanda apresentada por eles", afirma Valéria.

Alerta para frustrações diante das dificuldades

Primeiro passo para a abordagem do tema, a identificação de um estudante com AH/SD começa pela observação de comportamento – interesses mais destacados e resultados de aprendizagem em um ou mais componentes curriculares.

"Geralmente é possível observar que o estudante aprende mais facilmente que os demais colegas, é imaginativo, criativo e curioso, está sempre bem informado, possui múltiplos interesses e alguns deles, acima da idade. Costuma ser uma criança ou jovem resistente a rotina e repetição", explica a gerente de Educação Especial da Smed, Silvana Cagol.

A especialista revela que a identificação efetiva de casos de AH/SD requer o envolvimento de uma equipe multidisciplinar com profissionais de saúde e educação – educadores, psicólogos, psicopedagogos e outros. O processo tanto pode abranger testes de inteligência como avaliação pedagógica, analisando habilidades acima da média, comprometimento com a tarefa e criatividade.

"A característica de Altas Habilidades ou Super Dotação não é considerada um transtorno, condição ou vantagem. Ela está relacionada diretamente com a capacidade cognitiva geral, ligada à inteligência. O potencial elevado pode aparecer em qualquer uma das destas áreas, isoladas ou combinadas: intelectual, acadêmica, de liderança, psicomotricidade e artes", esclarece Silvana.

O tema passou por transformações, ao longo do tempo. No passado, costumava-se considerar apenas a ideia de genialidade. Hoje, o olhar dos estudiosos vai além do acadêmico, pois com o desempenho elevado em uma área do conhecimento, o indivíduo já pode ser considerado altamente habilidoso ou super-dotado.

"É muito importante orientar aos pais para que conheçam o funcionamento do seu filho e que dentro do possível, seja ofertado o que de fato é a área de interesse da criança ou jovem. E para além disso, é fundamental um acompanhamento psicológico para que o estudante se reconheça, saiba lidar com suas frustrações e compreenda as suas diferenças", pondera Silvana.

A especialista alerta para uma armadilha bastante comum no caminho do desenvolvimento destes alunos:

"O mais difícil para crianças e jovens AH/SD costuma ser o estabelecimento de vínculos, o acesso a tudo o que desejam e o controle das frustrações e das ansiedades. Para os familiares, existe a carga de lidar com as frustrações dos filhos, com a inabilidade dos sistemas educacionais e profissionais, que terão limitações, e com o estabelecimento de limites. E para os professores, além de todos os anteriores, o desafio está em lidar com as frustrações dos estudantes e familiares diante destas mesmas dificuldades", conclui Silvana.

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