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Opinião

Ruínas jesuíticas e um buraco aos vencedores

Antônio Braga: 'A terra natal é um filme. São tantas as lembranças! Mínimos detalhes se transformam em grandes recordações'.

Colunista - Redação

Redação

redacao@serraempauta.com
13.03.2023 - 07h20min

Divulgação
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Nas duas últimas crônicas foram abordados aspectos sobre a chegada a Caxias do Sul. E vieram, também, à memória, percepções de lá. De lá de São Miguel das Missões, então distrito de Santo Ângelo, a terra natal. Para quem bebeu água de sangas e de poços artesianos miguelinos, o "Jaz Monumento", que veio depois, é um orgulho.

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Essa obra parece "bradar" que aquela terra "ainda" tem dono, paráfrase do cacique Sepé Tiaraju: "Esta terra tem dono!", grito de combate às forças de Espanha e de Portugal no aniquilamento dos redutos jesuíticos. Tiaraju foi herói contra a invasão estrangeira. Já o "Jaz" é um monumento ao inverso contra a ação invasora dos bandeirantes. A obra de João Loureiro é, pois, uma anti-homenagem.

O monumento reflete um modo de pensamento de parte de um povo. Em uma grande cava na terra vermelha, com paredes cimentadas, ao fundo, aparece a figura de um bandeirante. À la Borba Gato, o "caçador de esmeraldas", que tanta gente nativa vitimou naqueles campos jesuíticos, a "leitura" que se faz indica que a escultura da cara do bandeirante quer se esconder da glória de suas próprias vítimas, embora podendo ser vista pela grande abertura de entrada na cava. É um buraco!

A terra natal é um filme. São tantas as lembranças! Mínimos detalhes se transformam em grandes recordações. Os grandes ficam ainda maiores. As ruínas da catedral jesuítica são um gigantesco sinal de um modo social, religioso e político de viver que deu certo, tanto que foi alvo de destruição por parte dos poderosos. A estátua de Borba Gato, no monumento inverso, parece estar ali a reconhecer, justamente, a vitória de suas vítimas, ainda que em ruínas.

No filme de lembranças, além da magnífica história indígena, há também mínimos detalhes, como uma lavoura num bem traçado quarteirão de um hectare do tempo jesuítico. Ali era plantado um pouco de cada coisa, como feijão, milho, abóbora. Havia, também, um frondoso pé de laranja-azeda. Que sombra!

Dá pra dizer que todo esse pouco era cultivado "dentro" das ruínas da velha catedral. Era só atravessar a rua, em diagonal, e a gente se encontrava no frontispício do que sobrou da obra monumental dos índios e dos jesuítas. Assim era a então vila de São Miguel das Missões na década de 1960, beirando os anos 1970. Hoje, aquela lavoura deu lugar aos equipamentos de acesso às ruínas da catedral.

Enfim, este filme, que passa pela anti-homenagem e contempla a monumental catedral em ruínas, faz de São Miguel das Missões um repleto manancial de história. E de saudades!

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