Ela e a família, moradores do Bairro Passo de Estrela, em Cruzeiro do Sul, são sobreviventes do desastre climático de maio
andre.tajes@serraempauta.com
12.06.2024 - 15h03min
Cruzeiro do Sul, município gaúcho que fica no vale do Taquari, foi um dos mais atingidos pelas fortes chuvas de maio de 2024. A cidade teve mais de 1 mil residências destruídas. Destas, pelo menos 650 moradias foram varridas no Bairro Passo de Estrela.
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Lenir Teresinha Rache, 60 anos, morava no Passo e assistiu seu bairro ser desvastado pelas chuvas do telhado de sua residência de dois andares. Vítima da enchente de novembro do ano passado, a proprietária de um minimercado não acreditou na elevação do nível do Rio Taquari que beira o maior bairro do Município.
Dona Lenir, o esposo, duas filhas e três netas, todas menores de idade, são sobreviventes da maior catrastrofe climática da história do Rio Grande do Sul. Em uma rápida conversa enquanto procurava pela primeira vez os escombros da casa em que morou durante 43 anos, ela contou que os sete permaneceram no telhado da residência aguardando por resgate aéreo durante nove horas.
Impactada com o cenário de destruição que encontrara, ela contou que entre às 8h e às 17h do dia 2 de maio, a família viveu horas de terror, medo e angústia enquanto o nível do Taquari atingia os 34 metros. Dona Lenir conta que um vizinho ouviu os pedidos de socorro de sua família e fez contato com as equipes que trabalhavam nos resgates.
"A gente estava na casa e de repente a água começou a subir rápido. Achamos que a água não ia subir para o segundo piso. Em uma hora e meia chegou no segundo piso e fomos para o telhado. Chovia muito e os helicópteros não conseguiam nos ver”, relembrou.
O socorro do helicóptero do Corpo de Bombeiros chegou já no final da tarde quando restava apenas uma parte do telhado. O restante da casa já havia sido levado pela força das águas.
"Eles chegaram às 17h e a nossa casa já tinha ido metade embora", lamentou.
Durante as horas em que aguardava pelo socorro, Dona Lenir conta que a família se socorreu na fé e que os adultos procuraram manter a calma para tranquilizar as crianças.
"Foi desesperador. Passamos o dia fazendo oração, pedindo a Deus para nos ajudar. A gente foi muito forte por causa das crianças", revela.
Dona Lenir se emociona ao lembrar do momento de maior aflição naquele dia e uma lágrima cai de seus olhos ao lembrar das palavras de umas de suas netas:
"Vó, nossa casa já está indo embora e os tios (bombeiros) não vem nos buscar".
Naquele dia, a idosa de 60 anos temeu pelo pior.
"Eu pensei que todos iam morrer. Deus ajudou e eles vieram nos salvar. Foram os anjos que mandaram eles para ajudar a gente", comemora.
Sem acreditar no cenário que via, ela projetou o futuro.
"A gente vai levando. Ajudando um ao outro. Tem que ir levando a vida. Não tem o que fazer. Vivemos uma vida ali e ficamos sem nada. Só com a roupa do corpo, mais nada", disse antes de seguir a procura pelo local onde estariam os escombros da casa em que morava.
Cruzeiro do Sul tem cerca de 5,7 mil pessoas desabrigadas e 300 famílias ainda estão em abrigos. A cidade ainda precisa de voluntários e mantimentos. Se tu quiser ajudar, uma das formas é entrar em contato com a Defesa Civil ou a Cruz Vermelha do seu município.
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