Cenário inédito gerado pela quantidade de concorrentes e pela pandemia do coronavírus demarca uma eleição
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17.09.2020 - 21h27min
Com Ariel Rossi Griffante.
Não será alegando ‘falta de opção’ que os 333.696 eleitores habilitados a votar em Caxias do Sul nas eleições de novembro virão a definir sua escolha no 1º turno do pleito municipal, no dia 15, da Proclamação da República. Com o término das convenções partidárias nesta quarta-feira (16), um total de 10 candidatos a prefeito (número recorde na história do município) já busca conquistar a maioria dos votos do segundo maior colégio eleitoral do Rio Grande do Sul. Embora pelo calendário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a campanha se inicie no próximo dia 27 e a propaganda de rádio e TV em 9 de outubro, a homologação das candidaturas demarca a arrancada da corrida que tem como meta a vitória em um provável 2º turno no dia 29 de novembro.
Um somatório de fatores determinou o alto número de candidaturas ao Executivo, dois em especial: o impeachment do prefeito Daniel Guerra (Republicanos), em 22 de dezembro de 2019, e o fim das coligações para as candidaturas a vereador. A retirada de Guerra do cargo – e da busca pela reeleição em virtude da consequente inelegibilidade de oito anos – deixando uma lacuna no campo ideológico do centro à direita, estimulou vários partidos à postulação de preenchê-la, apresentando-se como alternativa aos quase 150 mil eleitores do prefeito afastado.
Já o fim das alianças ao Legislativo incentiva a existência de candidaturas ao Executivo, visando colocar os partidos em evidência para impulsionar a eleição de bancadas à Câmara Municipal, o que vai determinar também um número recorde – provavelmente superior a 350 – de candidatos a vereador.
A estes elementos somam-se toda ordem de reflexos políticos e sociais do pleito presidencial de 2018 e a circunstância gerada pela pandemia do coronavírus, deixando um tempo exíguo para a divulgação das candidaturas. Esse conjunto altera fortemente a forma de se fazer campanha eleitoral. As eleições municipais de 2020 apresentam um contexto inédito (e desconhecido para muitos candidatos e militantes), em que a exploração maciça da comunicação pelas redes sociais ganhará provável maior importância do que o tradicional corpo a corpo nas ruas, bairros e fábricas, do qual emerge o contato entre eleitor e candidatos que tão propriamente caracteriza as disputas locais.
Os concorrentes
O herdeiro de Daniel Guerra (Republicanos) na disputa eleitoral é o chefe de Gabinete e secretário da Saúde de seu governo, Júlio Freitas (Republicanos). E é também o único, uma vez que o líder de governo de então, o ex-vereador Renato Nunes (PL), se coloca como ex-aliado do ex-prefeito. No mesmo espectro mais à direita, os empresários Marcelo Slaviero (Novo) e Nelson D’Arrigo (Patriota) surgem como as novas propostas na cidade posicionadas claramente neste campo ideológico.
O deputado estadual Carlos Búrigo (MDB) e o ex-candidato a prefeito Edson Néspolo (PDT) são as proposições de retomada das linhas dos governos José Ivo Sartori (2005-2012) e Alceu Barbosa Velho (2013-2016) das quais foram peças-chave durante a coligação das duas siglas. O vereador Adiló Didomenico (PSDB), o ex-deputado estadual Vinicius Ribeiro (DEM) e o ex-vice-prefeito Antonio Feldmann (Podemos), por sua vez, apresentam-se como novas alternativas de parte do grupo que esteve na base dessas administrações – cabendo ao primeiro também representar o governo do atual prefeito, Flávio Cassina (PTB). Como resultado, vislumbra-se uma fragmentação de votos entre esses concorrentes.
No campo oposto – a, de fato, todos os demais –, a única candidatura de esquerda: o deputado estadual Pepe Vargas (PT) conduz a aliança que busca do resgate o predomínio que o levou a duas gestões a frente da prefeitura caxiense, de 1997 a 2004.
Os pré-candidatos a vice e os apoiadores
O vereador Chico Guerra foi escalado como pré-candidato a vice pelo irmão Daniel Guerra. Chico nunca escondeu a preferência pelo Executivo ao Legislativo. Agora tem a oportunidade de chegar pelo voto, e não pelas mãos do irmão que o nomeou como chefe de Gabinete. O Republicanos definiu candidatura com chapa pura. O PL apresenta uma pré-candidata a vice para compor a chapa. A advogada Priscila Vilasboa de Abreu, estreia em uma disputa eleitoral partidária. Renato Nunes e Priscila tentam atrair os votos do eleitorado evangélico e concorrem com chapa própria.
O pré-candidato a vice-prefeito do Novo é o professor universitário, Cesar Bernardi. Foi empresário por 24 anos e diretor administrativo e financeiro da UCS, de 2004 a 2008. Em 2019, se filiou ao Novo, sua estreia na política partidária, e coordenou o grupo de Educação do Novo em Caxias. A bacharel em Direito, Andréia Garbin, é a pré-candidata a vice do Patriota. Ela também faz estreia na política partidária na eleição deste ano. Andréia, integrante da Igreja Assembleia de Deus, também vai buscar os votos dos eleitores evangélicos.
Depois de seis mandatos legislativos, Elói Frizzo (PSB), retorna a uma chapa majoritária. Em 1992, concorreu a prefeito pelo PCdoB. Agora, empresta sua experiência política ao lado de Carlos Búrigo. Completam a coligação o Avante e o Cidadania. Parlamentar de quarto mandato, Edson da Rosa (PP) recebeu a projeção desejada com a confirmação de pré-candidato a vice na chapa com Edson Néspolo (PDT). Ele é ex-secretário de Educação do Governo Sartori. Completam a coligação a Rede e o PV.
Paula Ioris (PSDB), a segunda vereadora mais votada na eleição de 2016 com 5.823 votos, foi a primeira pré-candidata a vice a ser confirmada para a eleição deste ano. Adiló Didomenico (PSDB), seu pré-candidato a prefeito, foi o terceiro mais votado na última eleição com 5.481 votos. A candidatura ganhou o apoio do deputado estadual, Neri, O Carteiro (Solidariedade), vereador mais votado de 2016 com 6.229 votos. A coligação é composta ainda por PSDB, PTB, Solidariedade, PSC e PROS. Pré-candidato a vice na chapa com o ex-deputado Vinicius Ribeiro (DEM), o vereador Kiko Girardi (PSD), cumpre o segundo mandato. Liderança do bairro Serrano, Kiko tem atuação discreta no Legislativo. A coligação é formada pelas duas siglas. O ex-vereador e ex-secretário da Educação nos governos Mansueto Serafini Filho e Mário Vanin, Odir Ferronato (Podemos), empresta experiência na chapa pura com o ex-vice-prefeito e pré-candidato a prefeito, Antonio Feldmann (Podemos).
Depois de 12 anos, o PT volta a compor com o PCdoB em uma eleição municipal. Desta vez, o pré-candidato a vice é o advogado Cláudio Libardi, que chegou a ter o nome rejeitado por um grupo de militantes do PT. Pepe saiu em defensa da indicação do PCdoB.
Foto: Reprodução/Montagem/Divulgação
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