O modo de fazer o alimento foi inscrito no Livro de Registro dos Saberes em solenidade na quarta-feira
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01.11.2024 - 07h36min
O modo de fazer queijo artesanal serrano foi oficialmente inscrito no Livro de Registro dos Saberes do Estado como Patrimônio Imaterial do Estado do Rio Grande do Sul. A oficialização ocorreu na quarta-feira (30).
Em 2019, São Francisco de Paula foi pioneira ao reconhecer esse saber como Patrimônio Imaterial do Município, valorizando a produção que marca a identidade cultural dos Campos de Cima da Serra.
De acordo com o prefeito Marcos Aguzzolli, o reconhecimento estadual fortalece ainda mais a identidade local e promove a preservação das técnicas de produção artesanal, transmitidas ao longo das gerações.
"Esse reconhecimento foi um passo importante para fortalecer a valorização do queijo serrano, que carrega a identidade histórica e cultural dos tropeiros e pecuaristas que contribuíram para a sua preservação ao longo de gerações", ressaltou Aguzzolli.
O trabalho de inventariação do mais novo bem imaterial dos gaúchos foi realizado por representantes da Associação Sulina de Crédito e Assistência Rural - Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ascar-Emater/RS) e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), com a assessoria técnica do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (Iphae), instituição da Secretaria da Cultura (Sedac).
A secretária de Estado da Cultura, Beatriz Araujo, destacou o trabalho contínuo do governo estadual no reconhecimento e cuidado com o patrimônio material e imaterial.
"Esse momento foi construído a muitas mãos, durante muitos anos. É um início, e agora é preciso preservar esse saber para que ele continue sendo especial e um diferencial para toda a região", afirmou Beatriz.
Conforme parecer técnico, emitido pelo Iphae, a essência e os métodos tradicionais foram preservados, mesmo com as inovações tecnológicas, como a prensa hidráulica e o coalho industrial. A íntegra do documento, aprovado pela Câmara Temática do Patrimônio Cultural Imaterial em 6 de setembro, está disponível no link.
A partir do registro, serão desenvolvidas medidas de salvaguarda junto às comunidades. A proteção do bem imaterial se dá nos eixos mobilização social e alcance da política; gestão participativa no processo de salvaguarda; difusão e valorização; produção e reprodução cultural.
Sobre o queijo artesanal serrano
A produção do queijo artesanal serrano começou há mais de dois séculos, com o estabelecimento das primeiras fazendas na região dos Campos de Cima da Serra. A produção do queijo serrano surgiu concomitantemente à atividade pecuária de corte extensiva na região, empreendida por colonos portugueses.
Apesar das transformações tecnológicas do bem cultural, a rede de significados que o envolve permanece vinculada aos tropeiros e produtores de outrora. Isso porque os produtores atuais se apropriam culturalmente do modo de fazer de maneira a remeter suas técnicas produtivas e comerciais a essas figuras históricas.
O queijo artesanal serrano é um produto de grande importância econômica e ambiental para a região dos Campos de Cima da Serra. Em muitos casos, a produção é a principal renda de pecuaristas familiares, que dependem da atividade para a manutenção de suas famílias.
Além disso, as peculiaridades de sabor e textura do queijo serrano se devem à técnica de produção artesanal aplicada sobre matérias-primas locais (gado de corte e pastagem) adaptadas ao clima da região, fazendo a produção ser vinculada à preservação da paisagem e seus recursos como forma de manutenção das especificidades do queijo atreladas aos seus insumos.
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