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Samuel Maciel/Divulgação

O início do ano letivo de 2023 será diferente para alguns dos 84 estudantes da Escola Municipal de Ensino Fundamental Professora Arlinda Lauer Manfro, em São João da 4ª Légua, interior de Caxias do Sul. As crianças das séries iniciais da instituição que atende a região de Galópolis ganharão em seu processo de alfabetização o reforço de conhecimentos trazidos diretamente da centenária Universidade do Porto – considerada a melhor de Portugal.

Integrante do quadro de professores da Secretaria da Educação, Mônica Sônego Ferraça, é a única profissional de Caxias selecionada por edital da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) para o programa de desenvolvimento profissional de professores alfabetizadores em Portugal. A formação consiste em uma parceria entre a Capes, a Secretaria de Alfabetização (Sealf) do Ministério da Educação (MEC), a Universidade do Porto e o Instituto Politécnico do Porto. A capacitação não tem custo adicional para o Município.

"Fiquei sabendo do edital por uma tia, de Santa Catarina, que também é professora, e mandou o link no grupo da família. Somos em quatro professoras na família. No início achei que seria impossível juntar toda documentação, mas uma amiga ajudou e o pessoal da Secretaria também apoiou e incentivou desde o primeiro momento", revela a servidora.

Quando a oportunidade do edital surgiu no grupo da família, Mônica estava cogitando investir na capacitação em fonoaudiologia – área de absoluta afinidade com o desenvolvimento da alfabetização. Para se inscrever, foi necessário engajar-se no Projeto ABC, um curso on-line gratuito na plataforma do MEC, que conta com 245 mil inscritos e a publicação dos Manuais ABC e ABC na Prática, ambos disponíveis gratuitamente no site do MEC.

"Elaborei dois projetos simples, mas bastante aplicáveis. Um voltado para professores, dentro da ideia de caixa de leitura, pensando na elaboração de materiais para uso em sala de aula, e outro para os estudantes, concentrado nas dificuldades com consoantes surdas e sonoras, propondo atividades de consciência fonológica", descreve a professora.

Seis semanas em circuito de educação básica europeia

As propostas serão executadas no retorno da educadora, com crianças em fase de alfabetização e com os demais professores, multiplicando os conteúdos abordados no programa. Também poderão ser oferecidas oficinas de alfabetização, igualmente como contrapartida da experiência em Portugal.

No total, serão seis semanas de estudo, entre 4 de novembro e 18 de dezembro deste ano. As aulas presenciais serão oferecidas com o apoio da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto. Já as atividades práticas e visitas às escolas portuguesas, serão acompanhadas pelo Instituto Politécnico do Porto.

"Quando saiu o resultado, nem acreditei. São apenas 100 professores de educação básica selecionados no país. Estou muito feliz. É uma conquista para as crianças e para toda a escola", finaliza Mônica.

Projetos simples e aplicáveis

Mônica é professora dos anos iniciais do Ensino Fundamental. Como ocorre em muitas das chamadas escolas do campo, atua em regime de agrupamento de turmas, desde que pediu exoneração de outro município, após oito anos e meio, para trabalhar na rede de Caxias. Hoje atende simultaneamente alunos de 1º e 2º ano. E já teve, neste sistema, turmas mistas de 3º e 4º ano.

"Dá muito certo. As crianças do primeiro ano já realizam algumas leituras e escrevem palavras, enquanto as do segundo, superadas algumas dificuldades no início do ano letivo, também avançaram na aprendizagem. Isso é muito significativo, visto que agora podemos trabalhar com temas, projetos e assuntos comuns de forma interdisciplinar, adequando os conteúdos de acordo com as possibilidades de cada grupo. As crianças aprendem umas com as outras. Elas entendem bem e se respeitam. Essa dinâmica agrada bastante", comenta.

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