Nesta sexta-feira, concessionária reduziu em 50% número de ônibus alegando dificuldade financeira
andre.tajes@serraempauta.com
19.11.2021 - 18h57min
A Prefeitura de Caxias do Sul garantiu a normalização do serviço do transporte coletivo com o pagamento de um auxílio emergencial no valor de R$ 4 milhões para a Visate. O Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (Cejusc) do Tribunal de Justiça mediou o acordo na tarde desta sexta-feira (19).
Também ficou definido que o Executivo municipal e a concessionária vão compor um grupo de trabalho para revisão do contrato vigente e da tarifa do transporte público para o próximo ano. Em nota, a administração municipal disse que o valor que será repassado é incontestável e vai evitar o colapso do sistema.
A crise no transporte coletivo iniciou nas primeiras horas da manhã desta sexta quando a Visate reduziu em 50% o número de ônibus que atende a cidade. Em nota, a empresa alegou dificuldade financeira para realizar a operação normalmente.
"O órgão gestor, por meio da Secretaria Municipal de Trânsito, Transportes e Mobilidade (SMTTM), está sendo comunicado desde 22/09/2020 sobre a situação da concessionária e necessidades de socorro ao sistema de transporte coletivo urbano da cidade. Até o momento, nada aconteceu e estamos sem recursos para operar. Para mais esclarecimentos, solicitamos que entre em contato com a SMTTM, que tem todas as informações sobre o ocorrido", explicou a Visate, em nota.
A decisão sem aviso prévio causou transtornos para os passageiros como ônibus superlotados e o atraso para chegar ao trabalho e na escola. Para muitos, a opção foi usar o transporte por aplicativo e outras pessoas decidiram fazer o deslocamento a pé.
Diante da repercussão, o prefeito Adiló Didomenico (PSDB) convocou uma entrevista coletiva durante o período da manhã para esclarecer a crise do transporte coletivo. O secretário de Trânsito, Transporte e Mobilidade, Alfonso Willembring Júnior, listou todas as ações que a administração municipal já tomou para reduzir o custo do sistema de transporte.
Entre as medidas tomadas estão as aglutinações de linhas e itinerários, a redução de horários e a redução do quilômetro rodado de 1,67 milhão quilômetros para 940 mil quilômetros como forma de auxílio a concessionária. Willembring citou ainda as "medidas impopulares" como a isenção do Imposto Sobre Serviços (ISS) e da taxa do gerenciamento do sistema que reduziu 3% os custos da empresa, a redução das gratuidades que representavam 34% e atualmente é de 24%.
Para o secretário de Trânsito, as ações visando a sustentabilidade do sistema de transporte foram prejudicadas pelo aumento do combustível.
"Apenas neste ano, tivemos um aumento acumulado do combustível que chega a mais de 70%. Só no período da nova concessão, a partir de maio, esse aumento supera 50%", comentou.
Apesar das críticas, Willembring comentou que trata com "bastante tranqüilidade" sobre a necessidade do auxílio emergencial, uma vez que o sistema de transporte público no Brasil que está funcionando é subsidiado pelo poder público.
"Essa questão envolvendo o transporte público atinge a todo o país. Temos a necessidade grande de recuperar o sistema de transporte público que ao longo dos anos vêm perdendo passageiros naturalmente, mas que desde março do ano passado houve momentos que a queda de passageiros chegou a 80%. Hoje, temos uma redução de 35%, 40% comparado ao que era antes da pandemia".
Adiló ressaltou que a administração trabalha para manter o valor da tarifa em R$ 4,75.
"Estamos lutando para não repassar o aumento da tarifa porque o sistema começa a se recuperar. Mas essa medida da empresa (redução do número de veículos) nos coloca na contramão do que o usuário vem fazendo que é optar pelo ônibus. Nós desatender o sistema pode ser pior", ressaltou o chefe do Executivo.
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