Secretária da Educação, Sandra Negrini, apresentou números que comprovam o alto índice de evasão escolar na EJA
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24.09.2021 - 13h18min
A Prefeitura de Caxias do Sul pretende fechar quatro das seis escolas de Ensino de Jovens e Adultos (EJA) para o próximo ano letivo. A secretária da Educação, Sandra Negrini, apresentou as razões durante audiência pública da Comissão de Educação da Câmara de Caxias, presidida pelo vereador Adriano Bressan (PTB), nesta quarta-feira (22).
Entre os motivos para o fechamento das escolas estão o elevado índice de evasão escolar e o custo do investimento. Segundo Sandra, de 2015 a 2017, o número de estudantes diminuiu de 900 para 600 alunos. Neste ano, estão matriculados 490 alunos, porém são servidas, em média, 80 refeições, o que configura a presença de 80 alunos. Atualmente, as seis escolas são atendidas por 70 profissionais.
"Nos últimos três anos, houve 13% de permanência, 50% de abandono e 2,25% de transferência. Num universo de 700 estudantes, 110 deles concluíram o Ensino Fundamental. Mas, 444 alunos abandonaram. É um número muito elevado de abandono", analisou a secretária.
Diante do cenário, a Secretaria da Educação decidiu pelo fechamento das escolas Castelo Branco, Rosário de São Francisco, Luciano Corsetti e Guerino Zugno. A modalidade EJA será mantida na Caldas Júnior e Dolaimes Stedile Angeli/Centro de Atenção à Criança e ao Adolescente (Caic), escolas com maior número de alunos matriculados.
Sandra disse que a reestruturação já foi encaminhada ao Conselho Municipal da Educação, e se baseia em recente resolução do Conselho Nacional de Educação.
Entre as medidas para amenizar o impacto, a secretária anunciou que os estudantes receberão transporte gratuito da frente das escolas que serão fechadas até as duas que permanecerão funcionando.
Também comentou sobre a parceria da administração municipal com o Sesi para oferecer aos alunos do EJA ensino profissionalizante e inserção no mercado de trabalho. Além disso, prevê o início de aulas nos períodos da manhã e tarde em um núcleo específico.
A vice-diretora da Caldas Júnior, Pamela Kuse, disse que o EJA atende as pessoas mais vulneráveis da sociedade e defendeu a ampliação do modelo de ensino e não o fechamento de escolas. Ela lembrou que a administração Daniel Guerra (sem partido), fechou 10 escolas da EJA, em 2017, e que na ocasião, a Câmara aprovou, por maioria de votos, uma moção de apoio a modalidade de ensino. Segundo a vice-diretora, na oportunidade, a então vereadora Paula Ioris (PSDB), hoje vice-prefeita, disse que a cidade tinha índices preocupantes de evasão escolar e que reduzir a EJA iria agravar a situação.
O presidente do Conselho Municipal de Educação, Alvoni dos Passos, mostrou a preocupação com o deslocamento, a formação e o afastamento da modalidade de ensino das comunidades.
O vereador Lucas Caregnato (PT), ressaltou a função social da EJA e pediu para a secretária da Educação reconsiderar a decisão. Segundo ele, a evasão ocorre devido à pandemia do coronavírus, a distância entre as escolas e as moradias dos alunos, a falta de transporte público e o empobrecimento das famílias.
"Querem acabar com a modalidade de Educação de Jovens e Adultos repassando ao mercado (privado) uma função que é pública", expôs o parlamentar.
Na audiência, o vereador Maurício Marcon (Novo), ressaltou a importância da discussão e se colocou à disposição das professoras. Porém, na sessão de quinta-feira (23), o parlamentar apoiou a decisão da administração municipal de fechar as quatro escolas.
"Eu queria aqui, de pronto, deixar os meus parabéns pelo trabalho da colega Sandra (Negrini, secretária da Educação), que a princípio resolveu esse problema, e o dinheiro do contribuinte vai ser mais bem gasto do que estava sendo até então", disse Marcon.
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