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Pelé nasceu em São Miguel

Antônio Braga: 'O trono de Pelé ficará vago'.

Colunista - Redação

Redação

redacao@serraempauta.com
03.01.2023 - 07h05min

Divulgação
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Pelé nasceu em 1962, em São Miguel das Missões! Ele nasceu craque. Um craque de todos os times. Que fazia gol contra todos os times. Pelé era um homem adulto, mais ou menos, da idade do pai daquele guri de seis anos. Um herói! Havia outros jogadores, claro. A piazada até falava, sem muito entusiasmo, de um tal de Garrincha. Sem dificuldade, pois, a Copa do Mundo, com Pelé, seria do Brasil. Esse Pelé miguelino nunca deixou de jogar futebol e nem envelheceu. Jamais morrerá!

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Essa São Miguel, onde nasceu o Rei, não passava de uma aldeia pobre, cercada de latifúndios rurais, embora riquíssima em história. A terra desse Pelé constituía-se no então 3º Distrito de Santo Ângelo, cidade distante uns 50 e poucos quilômetros. A ligação era feita por estrada de chão. Terra vermelha. O meio de transporte coletivo era uma perua, conhecida como "limusine". A limusine, azul, partia do Rincão dos Morais, zona campestre ao sul da vila, pela manhã e retornava, da cidade, à tarde, sempre lotada, com gente, literalmente, pendurada nos seus estribos. Havia, também, entre o pobrerio, quem arriscasse fazer o trajeto de carroça, levando algum produto da roça para vender na cidade.

A vida social da piazada era resumida a encontros entre vizinhos ou no Grupo Escolar Padre Antônio Sepp (jesuíta do tempo das Reduções). Esse era o melhor modo de informação sobre a Copa. O rádio era tipo caixa de abelha, grande consumidor de pilhas, conectado por uma antena presa, horizontalmente, a duas hastes externas, uma a certa distância da outra, geralmente de taquara. Não havia energia elétrica, exceto aos mais abastados que contavam com baterias alimentadas por cata-ventos. A grande maioria, porém, nem rádio dispunha.

Nas rodinhas da gurizada surgiam as mais brilhantes teses. Uma delas dava conta de que o time de Pelé era invencível. Assim, sendo jogo jogado, Pelé, no jogo seguinte, trocava de time para dar chance ao adversário, razão pela qual o craque era de todos os times e fazia gol contra todos eles. As "peladas" da piazada eram assim. Quando um time começava a levar muitos gols, os melhores "atletas" que estavam vencendo mudavam de lado e passavam a jogar no time ruim para que a partida tivesse mais graça.

O problema, às vezes, nem era a ruindade dos "atletas". Eram as rosetas na grama. O espinho dessa gramínea era um inferno, com cravadas muito doloridas. Quem tinha um par de congas era rei. Guides era artigo de sonho. A grande maioria dos "atletas" jogava de pés descalços. Nem é preciso dizer que as goleiras eram improvisadas com qualquer coisa, pedras, varas de arbustos. Carqueja, vassourinha, buva eram abundantes. Também não é preciso dizer que a bola era uma meia, chamada de carpim, cheia de trapos.

Na quadra, bem em frente às ruínas da catedral jesuítica e ao cemitério, havia um campo, demarcado como se fosse oficial, com goleiras iguais as dos estádios da cidade, Grêmio, Elite e Tamoio. Esse "luxo", porém, pertencia aos adultos da vila. Até havia um time. As camisas eram verdes. Esses adultos nem davam papo às crianças. Aliás, punham-nas a correr a pretexto de proteção, evitando levar uma bolada.

Foi em meio a esse ambiente que nasceu Pelé, o Pelé de São Miguel. O outro Pelé, o Édson Arantes do Nascimento, nasceu em Três Corações-MG. Com 82 anos de idade, Édson morreu no dia 29 de dezembro de 2022, em São Paulo. Seu corpo será sepultado nesta terça-feira, 3 de janeiro de 2023, em Santos-SP.

– Quando um rei morre, outro toma o seu lugar. O trono de Pelé ficará vago. Ele não era rei! O ilógico se credita aos deuses do futebol. Pelé foi, sim, o próprio deus do futebol.

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