Grupo Miseri Coloni apresenta o primeiro texto publicado do conhecido personagem da Serra Gaúcha
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18.01.2024 - 19h38min
O grupo Miseri Coloni sobe ao palco outra vez para apresentar a peça Miseri Coloni dá Voz ao Silêncio, nos dias 23 e 24 de janeiro, às 20h, no Teatro Pedro Parenti, na Casa de Cultura de Caxias do Sul. Os ingressos podem ser adquiridos no local ou pelo Sympla e custam R$ 30 e na hora R$ 60.
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Se a estreia, em outubro, foi considerada um sucesso, desta vez ganha ainda mais relevância por prestar uma homenagem ao surgimento de Nanetto Pipetta, personagem ingênuo, esperto, puro, trabalhador e que personificou todos os que vieram da Itália para o Novo Mundo.
A data foi especialmente escolhida porque há exatos 100 anos, em 23 de janeiro de 1924, foi publicado pela primeira vez o artigo de Nanetto Pipetta no jornal Staffetta Riograndense (Correio Riograndense).
O público terá a oportunidade de descobrir e valorizar a obra literária escrita pelo frei Aquiles Bernardi que serve de referência para o Talian, reconhecida como segunda língua de Caxias e outros municípios da região.
O jornal publicou, semanalmente, por apenas um pouco mais de um ano as histórias escritas em vêneto que retratavam a figura de um imigrante que chegou na América em busca da "cucagna", sinônimo de terra da fartura.
O público do espetáculo vai receber uma edição reeditada do jornal no qual consta o primeiro texto Vita e Storia de Nanetto Pipetta.
A peça
O dramaturgo Jorge Rein escreveu o texto do teatro documentário, focado no contexto dos anos 1920 e 1930, onde ocorreram as comemorações do Cinquentenário da Imigração Italiana, em meio a situações de conflitos e disputas políticas entre Ximangos e Maragatos no Rio Grande do Sul.
Também retrata a chegada ao poder do fascismo na Itália com influência de Mussolini na região proibindo a fala do Talian e tendo o desfecho com a Segunda Guerra Mundial. E dentro disso os imigrantes italianos fazendo sua história, com marcas importantes que permanecem vivas até hoje.
O diretor do espetáculo, Fábio Cuelli, explica que a montagem teatral reúne relatos pessoais dos integrantes do Miseri Coloni e a partir deles foram reconstruídos fatos históricos, como a partida da Itália rumo ao Brasil, a construção de uma nova vida e os atritos políticos nacionais e internacionais que afetaram os imigrantes italianos e seus descendentes em solo gaúcho durante os últimos quase 150 anos.
A dramaturgia cênica parte da memória pessoal de cada integrante e sua relação com os acontecimentos abordados no texto. Tais memórias compartilhadas trouxeram novas perspectivas para o que parecia perpetuar a cicatriz do sofrimento, trazendo à tona uma atitude de resistência contra os retrocessos políticos e sociais. Um fruto importante dessa resistência é o Talian, que na última década tornou-se uma língua reconhecida pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional(Iphan) como referência cultural brasileira.
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