Dos 11 postulantes, oito apoiam a mudança e três são contrários
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15.07.2021 - 15h42min
O governo Jair Bolsonaro tem levantado suspeita de fraudes nas urnas eletrônicas. Porém, até o momento, não apresentou provas que sustentem irregularidades no processo eleitoral brasileiro. Na última semana, a insistência agravou a crise entre o presidente da República e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Em busca de apoio popular, bolsonaristas estão organizando uma manifestação no dia 1º de agosto para defender a aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que institui o voto impresso nas eleições. A pauta encontra resistência na Câmara dos Deputados.
Na semana passada, o ex-candidato a prefeito de Caxias do Sul, Júlio Freitas (Republicanos), se manifestou favorável a proposta do voto impresso auditável. O Serra em Pauta ouviu a opinião dos 11 candidatos que disputaram a eleição no ano passado. São favoráveis, além de Freitas, o deputado estadual Carlos Búrigo (MDB), Edson Néspolo (PDT), Marcelo Slaviero (Novo), Renato Nunes (PL), Renato Toigo (PSL) e Vinicius Ribeiro (DEM). Manifestaram contrariedade a proposta, o prefeito Adiló Didomenico (PSDB), Antonio Feldmann (que concorreu pelo Podemos, e está no MDB) e o deputado estadual, Pepe Vargas (PT).
O que dizem
:: Favoráveis
"Sou a favor do voto impresso sim. Poder auditar um sistema eletrônico de votação é fundamental para provar a lisura do processo. Temos que entender que o TSE está politizado e cheio de razão. A possibilidade dos sistemas serem corrompidos é enorme interna e externamente". Nelson D’Arrigo (Patriota).
"Sou a favor do voto eletrônico com a impressão do voto em urna específica. A defesa do presidente é a mesma do Brizola na década 90. Ambos querem a possibilidade de auditar fisicamente, caso necessário". Vinicius Ribeiro (DEM).
"Sou a favor. Para dar maior segurança ao eleitor, é bom ter um comprovante pois acredito que iria evitar ou diminuir muito as chances de uma possível fraude ou manipulação dos resultados". Renato Nunes (PL).
"Sou totalmente a favor do voto impresso, ou de uma modalidade de votação que possa ser auditada. Penso que para termos lisura em um pleito toda a forma de controle é bem-vinda. Como está temos que considerar assunto encerrado quando apresentarem o resultado da votação. Só é contra a uma verificação de fraude eleitoral quem se beneficiou dela". Renato Toigo (PSL).
"A legitimidade de uma eleição passa pela possibilidade de qualquer pessoa contar os votos e auditar, por mais simples que seja. Em 2018, o TSE apresentou novos modelos de urnas com votos impressos, a apuração seguiria sendo eletrônica e sorteariam um percentual de urnas para auditar os votos impressos com a totalização eletrônica, dando assim maior segurança ao eleitor e candidatos. A proposta não avançou pelos custos, neste caso, poderíamos extinguir o Fundo Eleitoral e o Fundo Partidário e utilizar estes recursos que somam em ano de eleição quase R$ 3 bilhões para financiar a mudança das urnas e do sistema". Marcelo Slaviero (Novo).
"Se o TSE avaliar que tem condições técnicas, acho que é um instrumento a mais de lisura. Mas ao longo dos últimos 20 anos não tem nenhuma prova para duvidar dos resultados da urna eletrônica. Se fala ao vento, mas nada se prova". Edson Néspolo (PDT).
"O sistema eleitoral brasileiro já mostrou-se confiável e eficiente. Contudo, todo mecanismo que venha acrescentar na segurança e transparência do processo conta com meu apoio, como é o caso do voto impresso". Carlos Búrigo (MDB).
"Sou totalmente a favor! No setor público, exceto nas áreas de inteligência e segurança, a transparência sempre é o melhor caminho. É de se estranhar que países de primeiro mundo como Estados Unidos e outros países europeus não usam sistema igual ou semelhante ao brasileiro. Não se apoia a volta do voto em cédula de papel; o que se quer é que o voto seja impresso. Proliferaram pelo Brasil nas eleições de 2020 vídeos e depoimentos nas redes sociais de queixas de inseguranças quanto a confiabilidade do voto feito na urna. Aqui em Caxias, nas últimas eleições, uma candidata à vereadora da nossa campanha relata até hoje que a sua mãe não conseguiu votar nela, pois não apareceu a sua foto e a votação foi finalizada sem que ela pudesse conferir. Deveria ser interesse primeiro da Justiça Eleitoral a melhoria dos mecanismos de transparência e controle das nossas urnas eletrônicas, mas, infelizmente, não é. Há uma repulsa por parte dos ministros do TSE quando este assunto entra em pauta. Quando falam dos altos custos para a impressão do voto eletrônico, entendo que nada é mais caro do que a democracia e a vontade popular expressa no seu voto ser roubada ou ao menos transparecer ser roubada ou fraudada a cada dois anos". Júlio Freitas (Republicanos).
:: Contrários
"Sou contra. Porque não há elementos que comprovem qualquer vulnerabilidade da urna eletrônica ou risco de fraudes. O voto impresso é um retrocesso e a forma como esse tema está sendo jogado para opinião pública cria uma insegurança que não faz bem para a democracia. O voto impresso foi motivo das maiores roubalheiras eleitorais na história brasileira. Na República Velha, tinha até recibo, o que deu origem ao voto de cabresto". Antonio Feldmann (MDB).
"O voto eletrônico é seguro e auditável pelos partidos políticos. Desde que foi implantado o voto impresso as fraudes eleitorais terminaram. Quem viveu o sistema eleitoral por voto impresso sabe o quanto ele é difícil de ser fiscalizado e o quanto era suscetível a fraudes. Bolsonaro sabe disso. Ele defende este absurdo ou porque quer facilitar fraudes a seu favor ou porque já quer ter uma desculpa em função da derrota que a cada dia fica mais evidente que sofrerá". Pepe Vargas (PT).
"Disputei quatro eleições pelo voto eletrônico e não tenho nada a questionar". Adiló Didomenico (PSDB).
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