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Opinião

O perigo de calote venezuelano à la Polônia

Antônio Braga: 'As relações sobre economia entre países respondem a circunstâncias específicas em que o que menos pesa é a ideologia'.

Colunista - Redação

Redação

redacao@serraempauta.com
05.06.2023 - 07h15min

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Os exemplos, na História, podem ajudar na compreensão das intrincadas relações entre Brasil e Venezuela desde que longe de meras opiniões ideológicas: esquerda e direita; capitalismo e socialismo. Se fosse possível colocar isso tudo num balaio, o dito "Escândalo das Polonetas" caberia na questão venezuelana observadas as vicissitudes de cada caso. A diferença é que o Brasil, na questão com a Polônia, vivia sob uma ditadura de direita, enquanto a Polônia seguia o regime socialista sob guarda-chuva soviético. Outra diferença, agora, é que o Brasil quer reaver o seu crédito junto à Venezuela, enquanto que levou calote sem retorno da Polônia.

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Quando da questão polonesa as opiniões de rua eram esmaecidas em razão da ditadura, além de não existir internet. Hoje, com as redes sociais, além de opiniões, proliferam fake news. O Brasil tem crédito de U$ 1,27 bilhão junto a Venezuela, resultado de uma linha de crédito em bens e serviços não paga, via empréstimo do BNDES garantido pelo Fundo de Garantia à Exportação, que, no fim, significa que a conta será paga pelo País se a Venezuela, de fato, não pagar. Esse episódio é potencializado pelas distâncias ideológicas entre opositores e apoiadores do atual governo.

Na questão das "polonetas", o Brasil abriu uma linha de crédito livre à Polônia de U$ 6 bilhões para compra de produtos brasileiros. Isso começou no governo Geisel, em 1977, e se estendeu ao governo Figueiredo. Como a Polônia não pagou, o Brasil aceitou títulos da dívida pública polonesa, mecanismo conhecido como "moeda podre", daí chamado "Escândalo das Polonetas". Esses papéis entraram no contexto da dívida externa brasileira que àquelas alturas andava pelas caronas, com o FMI dando as cartas sobre a nossa economia. E a coisa se arrastou até o governo Collor, em 1992.

Quinze anos depois do contrato, nesse governo, o Brasil aceitou negociação com bancos internacionais, no âmbito do dito Clube de Paris, recebendo 50% da dívida em "polonetas", concedendo perdão dos outros 50% – U$ 3 bilhões, mais do que o dobro da dívida venezuelana. A estas alturas a Polônia e o Brasil respiravam governos democráticos com viés capitalista. É desconhecida, porém, a vantagem direta do Brasil, pois o País só começou a sair das garras do FMI no governo FHC, completando-se a independência no primeiro governo Lula.

As relações sobre economia entre países respondem a circunstâncias específicas em que o que menos pesa é a ideologia. Quem manda é a economia! Assim, o que resta ao Brasil é buscar meios de ressarcimento junto à Venezuela, talvez, com o abrandamento das sanções econômicas impostas pelos Estados Unidos a esse país e seguidas por países a eles alinhados. Aqui, sim, entra a questão ideológica, afinal, quem não segue os EUA seu inimigo é. Esse é o perigo!

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