Antônio Braga, "O programa "Mensagem" da UCS reaviva na memória a animosidade, no passado, em Caxias do Sul, entre católicos e maçons".
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18.06.2022 - 19h32min
O programa radiofônico "Mensagem" da Universidade de Caxias do Sul, produzido pelo falecido professor Mário Gardelin, reaviva na memória uma história dita em retalhos pelos que a conhecem. Trata-se da animosidade, no passado, em Caxias do Sul, entre católicos e maçons. O registro, sobre o dia 14 de junho, em 1897, diz: "Escoltado por centenas de cavalarianos, regressa à Vila de Santa Teresa de Caxias, a fim de reassumir a paróquia, o Padre Pedro Nosadini que, em decorrência de distúrbios ocorridos, se refugiara em Nova Pádua."
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Para entender a razão desse "regresso" é preciso juntar fragmentos daqui, dali e de acolá, visto o padre Nosadini ter sido expulso da vila por um grupo de maçons liderados pelo intendente Campos Júnior como conta a história. A animosidade, porém, era restrita ao padre e ao intendente que era maçom, embora a história verbal corrente dê conta de que havia uma "briga de foice" entre católicos e maçons. Uma briga institucional!
O padre Nosadini e o intendente Campos Júnior não se bicavam. Ora, pois, os seguidores de um e de outro lado ampliaram essa contenda, acirrando a coexistência entre a igreja e a maçonaria, algo que se enraizou por algum tempo, invadindo os tempos do progressista município de Caxias do Sul.
A rezinga chegou a tal ponto de o pároco escrever "carta aberta" a Borges de Medeiros, presidente do Estado, fazendo a sua própria defesa, dizendo-se vítima de acusações "infundadas" por parte de Campos Júnior. A carta qualifica Campos como mentiroso em suas acusações, incluindo "pretenso" atentado à bala por ele sofrido, tendo por motivação as prédicas que o pároco teria feito à maçonaria.
Essa contenda, enfim, levou a que o grupo do intendente quisesse "bater o brim" do padre. Há relatos de que esse grupo laçou o padre para eliminá-lo, o que não ocorreu pela intervenção de membros do próprio grupo. Mas o padre teve que fugir para Nova Pádua, então localidade de Nova Trento (Flores da Cunha) forçado pelos adeptos de Campos Júnior.
Os registros que comprovam essa peleia devem ser cruzados. "Paróquia Sta. Teresa – Cem anos de fé e história", livro do padre Ernesto Brandalise, reproduz a carta de Nosadini a Borges. O documento cita como benemérito Antônio Moro, membro da comissão da "nova igreja". Outro livro, "Nossa fé, nossa vitória – Igreja católica, maçonaria e poder público na formação de Caxias do Sul", da professora universitária Eliana Rela, também cita o mesmo nome, Antônio Moro, como vigilante da então única loja maçônica. Antônio era conselheiro municipal, o que correspondia a vereador.
Diante desse detalhe curioso sobre um mesmo nome nos dois polos é de se concluir tratar-se do mesmo cidadão, que era católico e maçom, além de ser conselheiro, o que pode servir de prova para assegurar que a expulsão do padre pode ter sido obra de alguns maçons, sim, seguidores do intendente, mas não da maçonaria como instituição.
Em que pese a bela e remota história, a animosidade parece ter sido superada no andar das décadas. Afinal, atualmente, o convívio parece ser harmônico de parte a parte. Afinal, Caxias do Sul, além de ser sede de diocese da Igreja Católica Apostólica Romana, conta com dezenas de paróquias e de capelas, enquanto a maçonaria dispõe de dezenas de lojas distribuídas em vários templos na cidade.
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