Antônio Braga:
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10.10.2022 - 07h54min
A ladainha é a mesma. Faz um tempão que é assim. De forma simples diz-se que a toada é pegajosa. Em período eleitoral, então, a chatice é repetida, demagogicamente, à exaustão. É reforma tributária. É carga tributária. É reduzir a carga. É reduzir tributo. É dia sem tributo. É preciso tirar o peso do Estado de quem produz. Todo mundo tem a solução para tudo. Pelo viés da história, todavia, há notícia de lá de uns 900 anos a.C. de que a coisa já existia. Assim, se os mortos têm relação com os vivos, o Rei Salomão deve estar com a "barba de molho": de sábio, ainda o qualificarão de demagogo!
Sobre esse negócio de imposto, muito depois de Salomão, encontramos, na história, o Judas. Ele cobrava impostos. E era diabo. E ficou mais diabo ainda com a traição que praticou, segundo nos conta a Escritura Sagrada. Denota-se, pois, que desde que o mundo começou a se organizar em sociedade há imposição de cobranças aos seus membros.
Salomão, um sujeito sábio, autor de salmos, fez o que fez, construiu o Templo, e palácios, mas consumiu as riquezas do reino, tendo que recorrer ao trabalho do povo, com aumento de imposto. Eles chamavam isso de corveia, uma forma de cobrança em que os súditos dedicavam alguns dias de trabalho ao reino. Isso está dito, de outro modo, em História Política de Israel – Desde as origens até Alexandre Magno, de Henri Cazelles (EP).
Pois é, hoje, os caras dizem que fizeram isto e aquilo e que farão aquele outro, mas na hora de pagar o dinheiro sai da imposição de cobranças da sociedade. Aí é que está o furo da bala. Ninguém quer pagar imposto. Todos, porém, querem o serviço. Equalizar isso é que é a questão. E os demagogos apelam para essa dicotomia para se darem bem. "Vou cortar impostos", "vou fazer a reforma tributária", eles dizem.
A equalização disso estaria no fato da boa aplicação do que é cobrado do povo. O diabo são os subterfúgios que dão legalidade a aberrações. O exemplo mais gritante da "malandragem" é o tal de "orçamento secreto". Trata-se de um modelo em que os recursos vão para obras ou serviços de interesse eleitoreiro. O problema é que o orçamento geral pertence ao universo de contribuintes, mas o dinheiro vai para interesses definidos. Vai para a obra do cabo eleitoral!
Equalizar isso, fazendo com que os impostos sirvam à universalidade de contribuintes, é o grande desafio por ser difícil alguém pensar no todo em detrimento do interesse próprio. Além do mais, a iniciativa de combater a corrupção, ela não pertence a políticos, ela pertence a outras instâncias. O antídoto está na polícia, no promotor, no juiz. Fora disso, os caras copiam Salomão ao contrário. Salomão cobrou imposto. E fez. Os congressistas de hoje, primeiro, atendem a seus interesses políticos.
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Opinião Antônio Braga O orçamento secreto do Rei Salomão Caxias do Sul