Natalia Leite, cofundadora da escola de lideranças Sonata Brasil
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27.03.2024 - 11h41min
Este é mais um tema que afeta direta e profundamente metade da população do planeta, e é envolto em constrangimento, silêncio ou confusão. A menopausa, parte do curso da natureza, por uma série de razões culturais, leva milhões de mulheres a viverem anos marcados por sentimentos de inadequação, solidão e tristeza.
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Uma parte relevante do problema vem do hábito. Habituadas aos profissionais em que sempre confiaram, muitas não se dão conta de uma obviedade: o especialista em reprodução humana frequenta congressos e se mantém atualizado em quê? Ora, em reprodução. Se o seu momento de vida é a preparação para viver muito e viver bem, o que você quer é alguém que estude e acompanhe as pesquisas contemporâneas sobre menopausa. Acredite: é outro tema.
Mudanças de humor, calorão, falta de sono – esses são alguns dos sintomas comuns ligados à avalanche de transformações hormonais que acompanham o fim da fase reprodutiva para boa parte das mulheres. Há ainda uma imensidão de transformações psicológicas. Apesar disso, ainda há um acordo tácito: não falemos sobre isso. Quando chegar a hora cada uma se vira. Sozinha.
"É assim mesmo, toda mulher passa por isso". Frases que demonstram como somos 'eficientes' enquanto sociedade em normalizar as dores femininas. Ainda há uma legião que perpetuam o medo dos tratamentos que devolvem a qualidade de vida. A menopausa é um processo que impacta absolutamente tudo em uma mulher. Meu escopo aqui são os aspectos emocionais desse processo.
Somos uma geração de transição, num momento de mudanças sociais aceleradas. O número de mulheres que trabalham aos 60, 70, 80 só aumenta. O valor da contribuição delas à sociedade, no ápice de sua experiência e sabedoria, é inestimável. Então, é importante considerar como apoiar mulheres nesse período de intensas mudanças, especialmente aquelas que querem continuar trabalhando e contribuindo para o desenvolvimento econômico e social.
Com orientação médica adequada, com os hormônios em ordem, é possível atravessar um portal e encontrar algo maravilhoso do outro lado. Tenho observado, no trabalho com centenas de executivas, processos de menopausa acompanhados de uma espécie de despertar, de um desejo de dar voz ao "eu" abafado por anos de excessivo cuidado com os outros e abandono de si.
É como se o fim dos ciclos mensais levasse embora também uma espécie de "mandato" de ajudar quem não pediu ajuda, de resolver os problemas dos outros, de reduzir a própria relevância. O que vejo são mulheres que conseguem, finalmente, se livrar de um "véu maternal" que abre espaço para desafios novos e interessantíssimos que vão de aprender um novo esporte a finalmente ter a coragem e segurança interna para pleitear a cadeira no conselho.
Dar as boas-vindas e abraçar de peito aberto a jornada de autodescoberta, independentemente do momento em que ela chega, é chave para realização. Que tenhamos a coragem de buscar os recursos necessários para manutenção do nosso bem mais precioso: saúde integral. Saúde do corpo, mente, emoções e espírito.
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