Antônio Braga: 'A morte, na cruz, é a mais cruel prova contra essas soberbas'
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24.12.2022 - 06h50min
As comemorações natalinas são envolventes, empolgantes, encantadoras. Renovadoras! Papai Noel. Luzes. Decorações. Presentes. Comilança. Tocante! Cada um, certamente, comemora esse momento com motivos bíblicos, mas, sobretudo, infelizmente, dentro do seu enquadramento social e econômico. Tudo ou quase tudo, claro, é ligado a algo que remete ao comércio. Gastança! No princípio de tudo, porém, diga-se, o enredo era outro. A história remete a um evento ocorrido em meio à dificuldade, à dominação, à opressão, à discriminação. O nascimento de Jesus ocorreu, justamente, em meio a essas mazelas.
Há 2022 anos, Nazaré era uma aldeiazinha rural de fim de mundo em que a terra pertencia a graúdos poderosos. Herodes Antipas é exemplo latente disso com propriedades no lugarejo. O casal José e Maria buscava sobrevivência na carpintaria de José. Por certo, a vida não era fácil. No mais, o sistema político submetia as pessoas a um modelo de dupla dominação ou nativa em que reinava Antipas ou ao Império Romano. Antipas era colaboracionista romano, tanto que detinha a concessão da cidadania romana.
Esse modelo mantinha o povo sob opressão, com regras ditatoriais, estapafúrdias a olhos modernos. Daí que José e Maria tiveram que peregrinar a Belém para cumprir determinações de contagem de gente, o censo. E a discriminação foi tudo o que encontraram nesse lugar. Se endinheirado fosse, o casal, de certo, encontraria uma hospedagem melhor do que uma estrebaria para pernoitar.
No bojo dessa realidade ocorreu o inusitado nascimento de uma criança, cuja acomodação foi um cocho afofado com junco e com outras ervas. A manjedoura! Aliás, a quarta estrofe do poema de Olavo Bilac, parece dimensionar a dura realidade de então e o significado divino do grande acontecimento: – "Não nasceu entre pompas reluzentes;/ Na humildade e na paz deste lugar,/ Assim que abriu os olhos inocentes,/ Foi para os pobres o seu primeiro olhar."
Logo na Anunciação fica clara a presença divina, diante do que se conclui que todos os movimentos de Jesus ou acontecimentos em torno Dele têm um profundo significado a ser lido, e seguido, pela humanidade. Não bastam, pois, as festas, os augúrios de sucesso. É preciso caminhar no caminho indicado por Ele, onde há pedras, espinhos. Afinal, a realidade daquele tempo pouco ou nada mudou. O povo ainda enfrenta dificuldade, dominação, opressão, discriminação.
Cristo viu e viveu essas terríveis mazelas, deixando uma lição em cada um dos seus atos ao indicar que quem age com esse ânimo, dominando, oprimindo, discriminando, não faz parte dos princípios do Pai. A morte, na cruz, é a mais cruel prova contra essas soberbas. Combatê-las é dever de cada cristão. Que o Natal sirva para renovar esta consciência. Feliz Natal!
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