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Severino Schiavo/Divulgação

Autor de romances fundamentais para a literatura brasileira, como "Memórias Póstumas de Brás Cubas" (1881) e "Dom Casmurro" (1899), Machado de Assis também se notabilizou pela vasta produção de narrativas curtas, com mais de 200 contos publicados. É o caso de "Pai contra mãe", "O espelho" e "A igreja do Diabo", histórias que ganham roupagem contemporânea em "Machado de Assis: contos adaptados", graphic novel de Frank Tartarus, Adan Marini e Wagner Carsten que será lançada neste sábado (16), às 20h, no Zarabatana Café, em Caxias do Sul.

Na sexta obra publicada pelo Tesla Studio, os artistas deixam de lado o futuro distópico de "Dies Irae" (2016) e o tom de aventura de "Pulp Action: Explosão Infinita" (2018) para mergulhar na fina ironia machadiana. Os contos foram roteirizados para os quadrinhos por Frank Tartarus, em processo que levou um ano e meio. Depois, cada ilustrador trabalhou por cerca de oito meses nos desenhos das histórias escolhidas.

"Machado tem ótimos contos, mas alguns são basicamente pessoas conversando, então eram difíceis de explorar nos quadrinhos. Selecionamos uns seis ou sete com potencial, que adaptei para argumentos. Depois, fizemos um seleção final baseada no interesse dos artistas em retratar aquelas histórias e no quanto o estilo de desenho de cada um se adequava. O Adan e eu fizemos tudo digitalmente, esboço e arte final, ou seja, aplicação das linhas pretas, texturas, tons de cinza. Já o Wagner preferiu fazer os esboços no papel, escanear e finalizar a arte digitalmente", explica Tartarus, ilustrador que assina a arte de "Era da tristeza".

Os três contos de Machado de Assis adaptados para HQ foram publicados originalmente no final do século XIX e na primeira década do século XX. Além de novos títulos — "Pai contra mãe" tornou-se "Era da tristeza", "A igreja do Diabo" foi renomeado como "Nova igreja" e "O espelho" perdeu o artigo inicial —, as histórias foram enriquecidas com elementos inéditos. No conto "Espelho", por exemplo, duas mulas estabelecem um diálogo filosófico em que comentam os acontecimentos e deixam perguntas para o público. Já em "Nova Igreja", a figura de Deus surge como um homem de pele negra e músculos bem definidos, além de cenas que se passam em uma metrópole repleta de arranha-céus, cenário típico do século XXI.

"Estávamos em busca de um desafio novo nos quadrinhos, que nos permitisse trabalhar todos juntos em um mesmo projeto. Adaptar algo da literatura pareceu uma boa ideia, e as obras do Machado surgiram naturalmente como as mais promissoras. Temos outros argumentos do autor já prontos desde o início desse projeto, apenas esperando uma oportunidade", revela Tartarus.

Antes do lançamento, às 19h, também no Ordovás, os autores realizam um workshop gratuito sobre criação de histórias em quadrinhos. A atividade abordará a produção de HQs a partir de temas como narrativa, adaptações, roteirização, arte, construção de personagem e utilização de materiais. Não é necessária inscrição prévia.

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