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Luta por direitos

Lideranças negras de Caxias debatem sobre os 135 anos do fim da escravidão

Encontro foi promovido pela Comissão de Direitos Humanos e Cidadania do Legislativo

Colunista - Redação

redacao@serraempauta.com

Tales Armiliato/Câmara de Caxias/Divulgação
Foto Principal - Notícia

A Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Câmara Municipal de Caxias do Sul promoveu uma reunião pública na segunda-feira (15), com o tema "135 anos do fim da escravidão: o que mudou?". Os quatro painéis programados para a iniciativa foram coordenados pela presidente do grupo parlamentar, vereadora e professora de História Rose Frigeri (PT).

De acordo com a vereadora, a contemporaneidade exige muitas reflexões, principalmente porque casos de racismo, discriminação e preconceito continuam sendo cometidos em pleno século XXI.

"Mesmo depois dos 135 anos do fim da escravidão ainda lutamos pelos direitos dos negros. Não é por acaso que hoje precisamos uma Lei de Cotas. Não é por acaso que nós falamos que a escravização contemporânea acontece com outros povos, mas a grande maioria são da etnia de negros e negras. Então precisamos debater isso tudo para entender esse racismo estrutural na nossa sociedade", defendeu Rose.

Quatro explanações foram acompanhadas pela comunidade, de forma gratuita e transmitidas pelas redes sociais e TV Câmara. A integrante do Núcleo Querer (Qualificar para as Relações Étnico-Raciais) da Secretaria Municipal de Educação de Caxias, Claudia Cristina Fin, pautou a abertura das atividades e apresentou o tema "Educação Étnico-Racial como prática pedagógica".

"É necessário fraturar os espaços racistas. Compartilhar as histórias da cultura de África, das culturas, dos povos originários e toda a nossa história afro-brasileira, com todas as suas tecnologias em todos os campos dos saberes", concluiu Claudia.

Já o tema "Políticas de promoção de igualdade racial e suas dificuldades" foi abordado pelo Mestre Brasil, representante da Comissão da Verdade da Escravidão da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Caxias.

"Hoje nós temos um ministério no Governo Federal. Caxias do Sul é a segunda cidade no Brasil a aderir ao sistema nacional de promoção de igualdade racial. Um canal para se transferir recursos para estados e municípios. Pude participar dessa construção. As políticas de igualdade racial devem se tornar um debate permanente e contínuo", sustentou Mestre Brasil.

A representante do Comitê de Igualdade Racial - Núcleo Caxias do Sul Mulheres do Brasil, Michele dos Santos Xavier abordou o tema "Os negros saíram do quarto de despejo? Uma análise da escravidão sob a ótica do livro de Carolina de Jesus".

"Não foi dado oportunidades aos escravos. Os escravos só receberam a assinatura da abolição e disseram para eles, sumam, e eles foram embora e assim foram construindo os guetos que por fim, hoje, são as favelas. Esse quarto de despejo da escritora Carolina Maria de Jesus (da década de 60), continua. Seguimos nesse quarto de despejo. Esse quarto é o lugar onde tu coloca as coisas que tu não quere mais na tua casa", frisou Michele.

No comando do Conselho Municipal da Comunidade Negra (Comune), Antônio Jorge da Cunha abordou "As condições da população negra brasileira após a abolição". Durante sua fala, apresentou alguns dados sobre a inserção da população negra e o mercado de trabalho divulgado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE).

"Enquanto a gente não combater ou não fazer com que se mude essa estrutura racista como a questão do salário do negro, da mulher, não chegaremos a lugar nenhum. O salário do negro e da mulher estará sempre em desvantagem. São 135 anos da abolição da escravatura e estamos aqui discutindo os mesmos problemas", finalizou Cunha.

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