Presidente da Frente Parlamentar de Intolerâncias, vereador Lucas Caregnato, diz que pretende tomar medidas legais
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25.08.2021 - 19h39min
O ex-presidente da Associação de Moradores do Jardim América, Rogério Garcia, fez ameaças às comunidades de matriz africana de Caxias do Sul. Em um áudio que circula em aplicativos de mensagens, Garcia reclama das oferendas depositadas no Parque Jardim América, que fica ao lado da Central de Polícia, no bairro Jardim América.
Ele diz que vai enforcar e colocar fogo nos religiosos.
"Vou comprar o capuz da Ku-Klux-Klan (seita americana com ideais supremacistas brancos que promoveu ataques contra a comunidade negra) e vou pegar esses demônios. Vou enforcar todos e botar fogo lá na praça”. Não adianta falar com essa gente. (...) Isso só a Ku-Klux-Klan mesmo, ou ressuscitar o Bin Laden e largar uma bomba em cima deles", disse Garcia.
Na tarde desta quarta-feira (25), o presidente da Frente Parlamentar de Combate às Intolerâncias Raciais, Religiosas, de Gênero e de Orientação Sexual, da Câmara de Caxias, vereador Lucas Caregnato (PT), publicou uma nota e vídeo de repúdio a manifestação do líder comunitário.
A nota ressalta que o Brasil é um país laico, e que a Constituição Federal e outras legislações que prevêem o livre exercício da fé por todas as religiões.
Caregnato afirma que pretende tomar medidas jurídicas e legais para punir o autor do áudio.
No mesmo grupo de WhatsApp, Garcia escreveu um texto pedindo desculpas e negou que tenho feito ameaças. Ele disse que se excedeu na brincadeira.
"Ontem fiz um áudio sobre o parque, pela indignação de vê-lo cheio de sujeiras e pela freqüente reclamação das pessoas que chegam mim. Falei umas besteiras, mas sem maldade e nenhum tipo de ameaça, terrorismo como já ouvi dizerem que fiz. Até por que aqui no grupo tem muito policiais de várias patentes, comandantes e pessoas da Justiça de nossa cidade. Então eu não seria louco de falar algum tipo de ameaça logo aqui. (...) Não sou e nunca fui contra alguma religião", escreveu.
Por mensagem, Garcia disse que sua mãe, irmãos e amigos são da Umbanda. Disse estar arrependido, envergonhado e reforçou o pedido de desculpas.
"Não sou racista, minha nora é negra, minha esposa afro, meu filho é homossexual. Vivi ajudando todas as entidades, nunca deixei de ajudar a todos os membros da Umbanda por questões religiosas, sempre respeitei a todas as religiões. Cometi um erro, sou humano, mas milhares de pessoas nessa cidade me conhecem, jamais fiz algo semelhante. (Está envergonhado?) Claro que sim. (...) Nunca disse algo pessoal a alguém ou disse que não podiam fazer as oferendas, eu entendo que é lícito nos espaços certos. Fiquei brabo sim, mas jamais cometeria tal coisa. Foi destinado um amplo espaço para as oferendas, num local atrás do parque, só pedimos que limpassem após vencer o objetivo da oferenda. (...) Me envergonho de ter ofendido meus amigos e a todos que se sentiram mal, mas não teve maldade, não sou disso. Minha vida foi sempre ajudar a todos, ontem cometi um erro, por isso reforço o pedido de desculpa a todos".
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