Complexo Jordani TEA+ oferece a continuidade no tratamento de pessoas neuroatípicas entre 12 e 19 anos, com foco para a vida adulta
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21.04.2025 - 16h49min
Dentre os desafios de pais e mães na formação e criação dos filhos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) está a preocupação com a autonomia de jovens que irão se tornar adultos. Visando este cenário, o Complexo Jordani TEA+, de Caxias do Sul, lança o programa Desbravamente, que trabalha com adolescentes e jovens adultos com TEA nível 1, com foco na autonomia para a vida adulta.
Voltado para pacientes entre 12 e 19 anos, o projeto foi planejado ao longo de dois anos e tem como objetivo dar continuidade ao tratamento de autistas que, após o desenvolvimento da terapia comportamental baseada em ABA na infância, possam seguir evoluindo e adquirindo novas habilidades para se tornarem adultos funcionais. O programa tem duração de três meses, com encontros semanais de 8h, em grupos fechados de quatro a seis integrantes.
Nesta primeira etapa, os assuntos que serão abordados são: comunicação (verbal e não verbal), emoções (inteligência emocional e sensações corporais), rotina (organização do tempo), nutrição (compra, consumo e instruções na cozinha), finanças (noções básicas de administração financeira) e vocação (orientação, escolha e características profissionais). A cada turma, novos temas serão propostos para melhorar a socialização e autonomia do público.
Também serão propostas rodas de conversas em cima das demandas dos participantes e momentos de gamificação, com jogos e brincadeiras onde eles poderão reforçar os aprendizados adquiridos em atividades coletivas.
A coordenadora do Núcleo de Neurodivergências do programa Desbravamente, a médica Morgana Pelegrini, explica que a metodologia de trabalho em grupos busca fortalecer a integração dos pacientes com espectro autista.
"O Desbravamente foi criado para que esses jovens possam, além de aprender, criar laços e formar uma comunidade para se desenvolverem juntos. Muitas vezes, após o término da fase escolar, eles se afastam do convívio social, por medo e até mesmo rejeição. Então, queremos que eles encontrem também um lugar onde se identifiquem, que compartilhem suas rotinas e façam amizades", ressalta.
O programa é realizado no espaço da Casa Terapêutica, na Rua Pinheiro Machado, 1276, junto ao Complexo Jordani TEA+. Os trabalhos são conduzidos por uma equipe interdisciplinar composta por profissionais das áreas de medicina, psicologia, psicopedagogia, nutrição e educação, todos especializados em neurodivergência.
Diferente da clínica tradicional, a Casa Terapêutica simula ambientes domésticos e públicos. O local reproduz o lar e o entorno da convivência do paciente, permitindo que eles desenvolvam autonomia para atividades da vida diária e recebam intervenções de forma natural e confortável.
O espaço é literalmente uma casa, com cozinha funcional, quartos e sala de estar, além de oferecer áreas de convivência integrada, com parquinho, árvore, rua, semáforo, mercado e até a casa de vizinhos.
"Todos os pacientes são avaliados de forma individual, para medir o progresso de cada um e, caso necessário, inserir novas atividades para o desenvolvimento em conjunto. Os pais também têm participação no acompanhamento de seus filhos, para que o aprendizado possa ir além das ações realizadas no Complexo Jordani TEA+", acrescenta Morgana.
O que é TEA nível 1?
O TEA é classificado em três níveis de suporte, de acordo com o grau de autonomia e as necessidades de cada indivíduo. O TEA nível 1, também conhecido como neurodiversidade tipo 1, se refere a pessoas que apresentam menor necessidade de suporte, mas que ainda enfrentam desafios em áreas como comunicação social, flexibilidade de pensamento e interação com o ambiente.
A médica Morgana Pelegrini, médica especialista em neurodiversidade e coordenadora do programa Desbravamente, esclarece que o TEA nível 1 consegue realizar atividades diárias de forma independente, porém pode ter dificuldades em interpretar expressões faciais, compreender ironias ou lidar com mudanças inesperadas na rotina. Além disso, pode demonstrar interesses intensos e específicos em determinados assuntos.
"Quem nunca ouviu a expressão ‘estranho demais para ser normal, e normal demais para ser autista’. Muitas vezes, o espectro autista nível 1 passa despercebido, pois consegue realizar diversas atividades sem suporte constante. No entanto, dificuldades sutis, como interpretar expressões sociais ou lidar com imprevistos, podem impactar seu dia a dia e causar sofrimento", finaliza.
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