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Opinião

Fantasma da ditadura na volta às origens

Antônio Braga: 'Liberdade! Essa foi a grande mudança entre aquele tempo e o tempo de hoje.'

Colunista - Redação

redacao@serraempauta.com

Divulgação
Foto Principal - Notícia

A cada visita à terra natal, nas Missões, vem à memória aquele "fantasma". Era tempo de ditadura. A vida adulta estava nos primeiros brotos. Na viagem de mudança para a Serra, em Caxias do Sul, chamava atenção a silhueta de um cão com a inscrição: "cão-fila" no reverso das placas de trânsito e nas encostas. Isso já foi abordado, mas o mistério perdura. À boca pequena dizia-se que o cão era o aviso sobre a presença da extrema-direita na área.

Falar em golpe de Estado em uma ditadura soa estranho, mas havia, sim, essa possibilidade, o que ficou evidenciado com a redemocratização do País, quando foi recobrada a liberdade que permitiu falar abertamente sobre isso. A extrema-direita não queria nem ouvir falar no que dizia o ditador Ernesto Geisel que propugnava "abertura política lenta, gradual e segura", segundo suas próprias palavras. E por pouco, de fato, ele não caiu. Em 1978, seu governo andou por um fio. O então ministro do Exército, general Sílvio Frota, se viu defenestrado e a extrema-direita ficou zonza.

Na última e recente estada em Santo Ângelo houve espaço para traçar uma linha de quarenta e poucos anos entre aquela viagem para um destino incógnito, na Serra, e este futuro. Belo presente! Do ponto de vista pessoal, a mudança no tempo espelha o natural envelhecimento de todos; do ponto de vista cotidiano, empiricamente, a situação ideológica, socioeconômica, em nada ou em quase nada mudou. No visual, um edifício a mais aqui, uma casa a menos ali, rodovia em boas condições aqui, péssima ali.

Liberdade! Essa foi a grande mudança entre aquele tempo e o tempo de hoje; naquele, falar do governo e dos seus asseclas só era possível se fosse para pronunciar encômios. No mais, só era possível escrever textos do tipo "Minha primeira professora". Os jornais, forçados, descobriram o filão das receitas culinárias contra a censura. Havia dedo-duro de dar nojo! E a inscrição "cão-fila" funcionava como ameaça.

Enfim, a liberdade plena foi atingida neste novo tempo, tanto que qualquer pessoa, com o advento da internet, pode extravasar os seus pensamentos por mais imbecil que seja o conteúdo. A desgraça são os crimes cometidos na esteira dessa liberdade que foi conquistada a duras penas. É gente esperta que utiliza esse sagrado valor para enganar súcubos. Esses incautos acabam, por fim, sendo usados como massa de manobra a certos rompantes golpistas.

Assim, numa viagem às origens, aflora o humor que passeia de uma idade nostálgica à consciência de que a realidade sempre é dura em qualquer tempo. Que é preciso permanente alerta contra eventuais retrocessos e a golpes extremistas!

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