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Franciele Oliveira/Divulgação

Uma parte do projeto "Histórias de afeto para todos" integrará uma exposição que abre neste sábado (27), no Instituto de Leitura Quindim, e se estende até 31 de agosto, em Caxias do Sul. Falamos em uma parte porque os sentimentos, as trocas e o aprendizado mútuo decorrentes da relação estabelecida com as crianças das casas de acolhimento são impossíveis de materializar.

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"Vamos expor alguns dos trabalhos desenvolvidos pelas crianças durante as oficinas e queremos provocar os visitantes a pensarem no que, no nosso entendimento, foi o sentimento que mais percebemos: a falta", adianta a contadora de histórias Gica Conta, idealizadora do projeto.

Ao lado da arteterapeuta Priscila Weber, ela espalhou afeto em 10 oficinas realizadas em casas de acolhimento de Caxias do Sul entre os meses de março e julho deste ano.

"Além de ouvirem as histórias e conhecerem novos personagens, as crianças tiveram a oportunidade de trabalhar com pintura e colagem. Essas atividades fazem parte do processo terapêutico que ajuda a identificar sentimentos internos e encontrar formas de lidar com eles", explica Priscila.

A sala de exposições do Instituto de Leitura Quindim será o espaço que vai reunir esses trabalhos e, também, uma instalação pensada pelas profissionais para tentar transmitir um pouco do que elas vivenciaram.

"As crianças que moram em casas de acolhimento têm muita falta, há um vazio. Isso nos tocou muito forte e precisa fazer parte da exposição", completa Gica.

Um desenho de uma centopeia teve um impacto tão forte, que ganhará um espaço especial. Depois do encerramento da mostra, todos os trabalhos serão devolvidos.

"Não queremos representar mais uma falta, sermos nós também pessoas que tiram algo dessas crianças", ressalta Gica.

Foi feito um convite especial para as instituições visitarem a exposição, com o objetivo de possibilitar às crianças a oportunidade de verem as suas criações à mostra, o que contribui para a autoestima e outros aspectos do seu desenvolvimento.

"Queremos que elas vivam esse momento, por isso a exposição vai acontecer mesmo que nós tenhamos sentido que poderíamos estar contribuindo com essa falta. Vamos neutralizar isso entregando cada trabalho de volta ao seu autor", acrescenta Priscila.

Ao final da exposição, será realizada também uma oficina de contação de histórias aberta a educadores e a quem mais quiser participar. Uma contrapartida do projeto, essa formação representa a crença de Gica e Priscila nos benefícios da identificação que crianças e adultos têm com personagens literários.

"Nem sempre conseguimos colocar em palavras o que sentimos, o que está preso no nosso mundo interno, e as histórias são um um recurso maravilhoso para dar voz a esses sentimentos, às vezes difíceis de lidar", complementa Priscila.

Idealizadora do projeto, Gica sai dele com aprendizados e a certeza de que é preciso continuar. Segundo ela, em algumas casas, ficou clara a necessidade de mais de um encontro para que se estabelecesse um nível maior de reciprocidade e confiança. Por isso, ela não descarta realizar uma nova edição.

"Saio do 'Histórias de afeto para todos’ com a certeza de que entregamos bastante, mas que ainda há muito afeto a distribuir", finaliza.

O Instituto Quindim fica no edifício Abramo Eberle, na Rua Sinimbu, 1670, no 6º andar. A visitação é gratuita, e está aberta de quarta a sábado, das 10h às 18h.

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