Terezinha da Silva, mãe do jovem Matheus, disse que espera que seja feita justiça durante reunião com representantes do Executivo municipal
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10.06.2021 - 17h22min
A Câmara Municipal de Caxias do Sul realizou uma reunião pública nesta quarta-feira (9), no plenário da Casa, para discutir e tentar esclarecer a ação da Guarda Municipal, que resultou na morte de Matheus da Silva dos Santos, de 21 anos, na madrugada do último domingo (6), durante uma tentativa de abordagem.
A condução dos trabalhos coube a vereadora Estela Balardin (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos e Cidadania. A reunião reuniu os secretários municipais da Segurança Pública e Proteção Social, Paulo Roberto Rosa da Silva; de Trânsito, Transportes e Mobilidade, Alfonso Willenbring Júnior; do Urbanismo, João Uez; do chefe de Gabinete do Prefeito, Cristiano Becker da Silva; e do diretor da Guarda Municipal, Alex Oliveira Kulman.
Familiares da vítima participaram da parte inicial da reunião. A mãe de Matheus, Terezinha da Silva, questionou o porquê dos tiros dos guardas, já que o jovem não portava arma.
"Eu não quero ajuda (da FAS). Não quero nada. Eu só quero que seja feita justiça. Essa dor ao invés de diminuir ela só aumenta", disse.
Milena, irmã de Matheus cobrou as autoridades policiais sobre a falta de informações sobre a morte de Matheus, e chorou ao falar sobre o irmão. A mãe também não segurou as lágrimas.
A reunião contou com a manifestação do vereador Alexandre Bortoluz (PP), presidente da Comissão de Segurança Pública e Proteção Social, que pediu respeito ao trabalho da Guarda Municipal.
O vereador José Dambrós (PSB), que representou o presidente da Comissão de Legislação Participativa e Comunitária, Gilfredo De Camillis (PSB), disse que os guardas municipais precisam de "um choque de humildade" durante as abordagens. Na sessão de terça (8), Dambrós defendeu que a função da Guarda Municipal deve ser revista, e que ela não deve comandar operações de blitzes.
Após as primeiras manifestações, os representantes da administração municipal responderam a 13 perguntas formuladas pela Comissão de Direitos Humanos.
O secretário Segurança, Paulo Roberto Rosa da Silva, garantiu que os guardas da operação tinham treinamento adequado. A mãe do jovem morto interrompeu o secretário e questionou:
"Se tem esse treinamento, meu filho não tinha arma, não tinha nada. Ele se apavorou e fugiu, o treinamento é matar?"
Paulo da Silva respondeu:
"Em nenhum momento o treinamento é matar".
Esses então não estavam treinados, questionou a mãe de Matheus.
"Estão totalmente treinados, é uma situação que aconteceu em cima da fuga, de uma irregularidade, a senhora mesmo menciona, eles não estavam armados no momento", respondeu o secretário.
O secretário Paulo Rosa da Silva comentou ainda que está em análise, na Procuradoria-Geral do Município, um projeto de lei, para regulamentar no Município, a lei federal que estabelece normas gerais para as guardas municipais. Não fixou prazo para a matéria ser apresentada ao Legislativo, onde será submetida à apreciação dos vereadores.
Servidores afastados
Os quatro guardas municipais que participaram da ação tiveram suas armas recolhidas para a realização de perícia e foram afastados de atividades na rua. A Prefeitura também afastou um cargo em comissão (CC6), lotado na Secretaria do Urbanismo, responsável pela fiscalização. O secretário João Uez disse que ele continuará trabalhando em serviço administrativo até a conclusão do inquérito da Polícia Civil e da sindicância administrativa.
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