Escola do Legislativo incentiva aplicações da audiodescrição nas redes sociais

Samuel Rodrigues/Divulgação

A Escola do Legislativo de Caxias do Sul promoveu nesta sexta-feira (27), uma reunião pública sobre acessibilidade nas redes sociais. Aproveitando a Semana Municipal da Pessoa com Deficiência, a Escola ofereceu uma capacitação para as assessorias dos vereadores e público em geral sobre as aplicações da audiodescrição nas ferramentas on-line.

A diretora da Escola do Legislativo, vereadora Marisol Santos (PSDB), foi a mediadora do evento, que contou com a palestra da audiodescritora Milena Eich. Marisol destacou a importância de transmitir as informações de forma inclusiva, pensando em todos os públicos.

"Quando a gente pensa em acessibilidade, normalmente pensa em questões mais físicas: no corrimão, na rampa, no piso tátil. Mas não estamos pensando em algo que usamos muito: as redes sociais. Será que nós estamos realmente nos comunicando bem, de forma acessível, levando a nossa mensagem? Essa é a provocação que queremos fazer."

Milena também começou a palestra com um questionamento: "vocês já pensaram em como seria compreender o mundo sem a dimensão visual?". Milena, que atualmente desenvolve uma pesquisa de doutorado voltada à acessibilidade on-line para pessoas com dificuldades visuais, explicou que muitos cegos usam softwares de leitor de tela. Assim, as legendas podem ser compreendidas, mas as fotos, cards e vídeos ficam inacessíveis.

Por meio de exemplos práticos, Milena ensinou regras de utilização da descrição das imagens por meio das hashtags #PraCegoVer ou #PraTodosVerem e explicou questões gramaticais, como o melhor tempo verbal a ser utilizado e a ordem em que as informações devem ser dispostas no texto. Em uma hora de bate-papo, a audiodescritora falou também da possibilidade do uso do texto alternativo, quando a descrição não aparece na postagem, ficando oculta na foto, apenas para quem usa o leitor de tela.

A palestrante também fez um exercício com os presentes, pedindo para que eles imaginassem como seria uma imagem ouvindo apenas a sua audiodescrição, escrevessem o texto alternativo de uma postagem no Instagram e tentassem descrever o texto alternativo de uma foto apresentada no telão, de acordo com as regras aprendidas.

Milena ressaltou a importância da acessibilidade nas redes, que não beneficia apenas deficientes visuais, mas também disléxicos e idosos, por exemplo.

"As pessoas com deficiência visual só querem ter acesso às mesmas informações que as pessoas videntes. A audiodescrição e a descrição de imagens ajuda todos a serem incluídos na escola, na arte, na vida. A imagem, sem descrição, é uma tela preta. Com roteiro e descrição, ela ganha vida", reforçou.

Marisol ressaltou que, apesar das dúvidas que possam surgir, o importante é começar.

"Vão surgir muitos questionamentos sobre coisas que acabamos escrevendo como estamos acostumados, sendo pessoas sem dificuldades de visão. Mas o que queremos aqui é iniciar este movimento por mais inclusão e acessibilidade. Quando entendemos a necessidade de mudar, melhoramos o mundo para os outros e para nós também".

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