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Ensino pós-isolamento social: dos desafios às possibilidades

Geneviève Faé, mestre em Letras, Cultura e Regionalidade, professora de redação e escritora

Colunista - Redação

Redação

redacao@serraempauta.com
14.03.2022 - 10h19min

Acervo pessoal/Geneviève Faé/Divulgação
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Marco civilizatório. É assim que podemos denominar a pandemia da covid-19: um evento de impacto global e dimensões incalculáveis. Absolutamente todas as áreas da rotina foram, de alguma forma, afetadas, para além da mais óbvia, que é a manutenção da saúde. E uma das áreas sofreu abalos que repercutirão na próxima década: a educação formal. Cessou a educação presencial em 192 países, afetando 1,6 bilhão de alunos.

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Da educação infantil ao ensino médio, os alunos amargaram perdas em diferentes níveis a partir do momento em que o isolamento social se instalou. Muito se fala nas dificuldades da alfabetização de crianças que estudaram em casa, mas os aprendizes de distintas séries ficaram um período longo de tempo sem socialização, sem estímulos de impacto (aula remota nem sempre envolve a turma inteira), sem a rotina escolar, tão benéfica no preparo de um cidadão para o mundo. Enfim, sem o pleno exercício das competências socioemocionais.

Se o filósofo alemão Immanuel Kant estiver certo, "o homem não é nada além daquilo que a educação faz dele", tomando-se o termo "educação" em seu sentido mais amplo. Na escola, é feita a "escolarização", enquanto, em casa, a educação complementa o processo. Então, pós-isolamento social, tudo ficou comprometido: de um lado, professores lidando em sala de aula com atrasos no desenvolvimento, de outro, os pais, esgotados por terem acumulado funções e preocupados quanto ao rendimento escolar.

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Nesse cenário caótico, os desafios são diversos. É preciso acolher esse aluno em sua real situação, flexibilizando, na medida do possível, os conteúdos programados para as respectivas séries. A revisão das matérias é fundamental. Em casa, é preciso ter "preocupação empática": já são esperadas dificuldades no amadurecimento cognitivo e é crucial não "cobrar", e sim auxiliar, sendo sentando ao lado do filho no decorrer das tarefas escolares, sendo matriculando-o em aulas de reforço escolar e cursos pré-vestibular. Sempre bom frisar: em tempos de incerteza e ansiedade diária, caso da pandemia, o cérebro tende a secretar maiores nível de cortisol, o que pode limitar o aprendizado. Sem saúde mental em dia, como aprender? Portanto, é preciso "calibrar" as expectativas sobre o desempenho escolar: nem muito altas, nem muito baixas.

"Da educação infantil ao ensino médio, os alunos amargaram perdas em diferentes níveis a partir do momento em que o isolamento social se instalou".

Não obstante, há certa revalorização do ensino presencial, pois agora sabemos a falta que ele faz. Entusiasmo por parte do aluno e por parte do professor ao pisar na sala de aula, que ficou por tanto tempo trancada. Aliás: o Brasil interrompeu as aulas da pré-escola e das séries iniciais do ensino fundamental por 178 dias, liderando o ranking mundial, afinal representa o triplo de tempo em comparação com a média dos países mais ricos, conforme a Organização para Cooperação do Desenvolvimento Econômico (OCDE). Vale lembrar nossos resultados desastrosos no PISA de 2018. Caímos posições no ranking mundial em termos de domínio básico em matemática e ciências. Em leitura, estamos estagnados há dez anos nos mesmos níveis. Logo, o que já estava precário tende (e muito) a piorar. De fato, a educação brasileira está há muito tempo na UTI.

Marco civilizatório. Falamos aqui de futuro próximo. A formação de uma criança e de um adolescente determinarão, em grande medida, que caminho o futuro adulto percorrerá. Por isto, o alerta é importante: não se "gasta" em educação, sempre se "investe". Se toda crise contém o germe da oportunidade, talvez seja a hora de repensar o poder transformador da educação de qualidade.

Livros, cursos, aulas extras, tudo representa investir, preparar para o amanhã. Não será este o maior legado a deixar para um filho? A possibilidade de forjar um futuro repleto de novas perspectivas?

Geneviève Faé, mestre em Letras, Cultura e Regionalidade, professora de redação e escritora.

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