Cada postulante à prefeitura teve seis minutos para sua manifestação
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14.10.2020 - 07h34min
O primeiro encontro presencial, com apresentação de propostas, das 11 candidaturas à Prefeitura de Caxias do Sul ocorreu na noite desta terça-feira (13), no salão comunitário de Santa Lúcia do Piaí. A iniciativa, da paróquia do distrito em conjunto com a da vizinha Vila Oliva, foi transmitida à comunidade em geral ao vivo pelo Facebook. No final, as paróquias entregaram uma carta de reivindicações dos dois distritos a cada candidato.
A organização solicitou aos candidatos o enfoque do plano de governo, em especial, sobre três áreas de interesse do interior: descentralização da gestão, políticas públicas para a zona rural e ações de infraestrutura. Foi concedido tempo igual de seis minutos para cada candidato. Confira, a seguir, uma síntese de cada manifestação, conforme a ordem definida por sorteio na abertura do encontro:
Júlio Freitas (Republicanos)
O candidato do governo Daniel Guerra discorreu sobre realizações daquela gestão – da qual foi chefe de Gabinete e secretário da Saúde – e propostas em diferentes áreas. Iniciou destacando a necessidade de expandir o Plano Diretor Urbano para os distritos, e defendeu maior autonomia administrativa para as subprefeituras. Em Saúde, anunciou a implementação de uma unidade do Samu em Fazenda Souza, de uma farmácia móvel para distribuição de medicamentos no interior, de equipes volantes de médicos e enfermeiros e a retomada de mutirões de consultas especializadas. Em Educação, prometeu zerar o déficit de vagas da educação infantil e criar bolsas para filhos de agricultores nas escolas de Ensino Médio da zona rural. Freitas tomou como principal anúncio em infraestrutura a construção do Aeroporto Regional de Vila Oliva: “Nosso governo conseguiu a garantia de R$ 200 milhões para essa obra. Temos credibilidade para assumir a construção do aeroporto nos próximos quatro anos”.
Antonio Feldmann (Podemos)
O candidato do Podemos se comprometeu com a conclusão dos asfaltamentos em curso na região e em criar um programa para pavimentação de pequenos trechos. Considerando o aeroporto um “divisor de águas para a região”, enfocou no desenvolvimento econômico com o incentivo a agroindústrias e ao turismo rural. “Caxias do Sul possui o maior PIB agrícola do Rio Grande do Sul muito pelo trabalho destes distritos”, enfatizou. Feldmann também desfraldou a principal bandeira da candidatura: a implementação do Orçamento Cooperativo Solidário. “Será um plano estratégico conjunto do governo com a população. O poder público não consegue fazer tudo, mas pode fazer mais quando agrega a comunidade”, definiu.
Edson Néspolo (PDT/PP/PV/REDE)
Repetindo o discurso que vem utilizando, de ter aceitado a derrota para Daniel Guerra em 2016 sem mágoas, Néspolo disparou críticas à gestão do oponente ao anunciar a retomada de iniciativas que, segundo ele, “perderam muito nos últimos anos”. Como exemplos, mencionou o apoio às agroindústrias, a retomada do policiamento comunitário e a integração do turismo religioso e rural. “Vai ser uma das áreas que mais vai crescer, com a integração da gastronomia, cultura e tradições, gerando emprego e renda para o interior”, salientou. Néspolo também destacou a necessidade de normatização da expansão urbana dos distritos e a luta para a instalação do aeroporto regional, citando o apoio do senador Luiz Carlos Heinze, do partido do vice, Edson da Rosa (PP).
Pepe Vargas (PT/PCdoB/PSol)
Pepe Vargas apostou na estratégia de destacar a popularidade de seus governos (1997-2004) como meio de suplantar a resistência ao PT que impacta parte do eleitorado desde a crise nacional do partido. “Tenho convicção que mesmo os não simpatizantes do nosso partido admitem que fizemos um governo bom para o interior”, afirmou, listando realizações da época como “credenciais para propostas futuras”. Entre estas o candidato destacou a conclusão de asfaltamentos, a implantação de serviços de urgência e emergência de saúde no interior, a instalação de educação infantil e de guarda municipal no interior e o desenvolvimento de agroindústrias. Lembrando que o valor citado por Freitas para o aeroporto regional provém de medida que defendeu como deputado federal – a criação do Fundo Nacional da Aviação com dinheiro proveniente da concessão de aeroportos à iniciativa privada – Pepe enfatizou a importância de um Plano Diretor Distrital. “O aeroporto vai trazer uma nova dinâmica econômica para esta região. Precisamos preservar a vocação agrícola e antecipar as regras de uso do solo dos distritos”, projetou.
Vinícius Ribeiro (DEM/PSD)
O candidato do DEM iniciou defendendo a reestruturação administrativa, com diminuição de custos, para redirecionar investimentos da Prefeitura. “Não tem solução mágica, tirar dinheiro de onde não existe. É preciso modernizar a administração pública”, enfatizou. Recordando a coordenação da elaboração do Plano Diretor Urbano vigente (Vinícius Ribeiro foi secretário do Planejamento do governo Sartori em 2005 e 2006, e o PDU aprovado em 2007), manifestou preocupação com “o entorno do aeroporto regional”, anunciando um plano técnico para a região. Em saúde, defendeu a disponibilização de especialidades e de ambulância nos distritos; em educação, ampliação de vagas e atualização do currículo escolar; e, na segurança, melhoria no monitoramento das propriedades. Ressaltando a participação e 4,5% da agricultura no PIB caxiense, proveniente de 5,6 mil propriedades rurais, defendeu o incremento de valor nos produtos feito na origem, por meio de agroindústrias.
Renato Nunes (PL)
O líder do governo na Câmara no governo Guerra levou para o encontro o discurso que vem apresentando em debates, entrevistas e na propaganda eleitoral. Renato Nunes procurou apresentar sua trajetória, destacar a seriedade da candidatura, enfatizar o perfil cristão/conservador/bolsonarista e prometer um governo de diálogo – para tanto, propõe a tribuna do povo, ocasião semanal em que ele, a vice Priscila Vilasboa e secretários estarão disponíveis para ouvir reivindicações da população. Dizendo não acreditar em nenhum dos concorrentes, apontou “o grupo dos cinco ou seis amigos para sempre, tudo junto e misturado, onde quem ganha leva os outros pra Prefeitura” e “a esquerda que já teve sua chance, que se fez ou não fez, agora que não vai fazer” para, em seguida, afirmar que não vai “arrumar briga com ninguém”, e que o secretariado reunirá “o melhor de Caxias, independente de partido”. “Quem votar não vai se arrepender. Vamos trabalhar por Caxias sem ver cores partidárias”, assegurou.
Nilvo Bertolla (vice de Renato Toigo), ambos do PSL
O vice Nilvo Bertolla foi escalado para se apresentar no lugar do candidato Renato Toigo, que, em viagem, não conseguiu chegar a tempo. Entre as propostas, destacou a informatização e “descentralização ao extremo” da administração municipal, e a venda dos veículos que servem a prefeito, vice e secretários, que “vão andar de Uber, táxi, ou com o próprio carro” para economizar recursos. Na gestão da saúde, apontou para um sistema centralizados das UPAs e UBSs para localização de vagas próximas aos usuários. No turismo, defendeu a realização anual da Festa da Uva. “Carnaval e Natal Luz tem todo ano. Por que não ter também a Festa da Uva?”, questionou, justificando a mobilização econômica gerada pelo evento. Destacando que nem ele nem o candidato a prefeito são políticos, Bertolla anunciou ainda um secretariado formado por profissionais de cada área.
Marcelo Slaviero (Novo)
Com o discurso liberal afiado, o candidato do Novo enfatizou o conceito do indivíduo como gerador de riqueza e gestor da própria vida, em vez dos governos, para discorrer sobre as propostas de desburocratização administrativa e descentralização da gestão da saúde. A promessa mais enfática foi de eleição dos subprefeitos pelas comunidades, a partir de lista de aprovados em processo seletivo promovido pela administração municipal (a exemplo do que é feito no partido). “Para diminuir impostos tem que diminuir o governo, e para diminuir o governo, não pode ser elegendo os mesmos candidatos que concorrem há 20 ou 30 anos”, enfatizou. Ressaltando ser a única candidatura que não se vale do fundo eleitoral, Slaviero criticou o uso de recursos públicos pelos adversários: “Político tem que pedir doações para quem acredita no seu projeto, e não pegar dinheiro público pra bandeira, santinho e vir aqui fazer promessas ao vento”.
Elói Frizzo (PSB), vice de Carlos Búrigo (MDB)
Atual vice-prefeito e candidato a vice de Carlos Búrigo, ausente por compromisso previamente agendado, Elói Frizzo assumiu a exaltação dos feitos dos governos Sartori e a defesa do governo Flávio Cassina em um só discurso. Assim, posicionou um governo Búrigo como de continuidade do atual e de resgate dos feitos do ex-governador quando prefeito. Lembrando as obras do antigo Programa de Asfaltamento do Interior, Frizzo anunciou a promessa de pavimentação da via que liga Santa Lúcia do Piaí ao Bairro Cruzeiro como primeira medida para a região. E informou que a instalação do Samu em Fazenda Souza está encaminhada pela atual administração. Recordando a definição da área do Aeroporto de Vila Oliva ainda no Plano Diretor de 2007, Frizzo prometeu a retomada do empreendimento, paralisado, segundo ele, na gestão Guerra. “O Sartori só tem um candidato a prefeito, que é o Búrigo, e todos sabem o que eles fizeram (na administração municipal)”, frisou.
Nelson D’Arrigo (Patriota)
A vivência em gestão, administração e em lidar com pessoas “a vida toda” foram destacadas por Nelson D’Arrigo ao justificar a primeira incursão na política. Defensor do governo Bolsonaro, “pelos princípios de liberdade econômica, combate à corrupção e modernização do Estado”, o candidato disse que irá buscar o mesmo na administração municipal, implantando “um plano inovador, com objetivos, indicadores e métricas”. Uma medida nesse sentido é a autonomia orçamentária das subprefeituras que promete implantar. D’Arrigo também criticou o sucateamento da frota de máquinas e a falta de assistência de ambulância no interior. “Muita gente na administração pública não resolve os problemas, porque, se resolve, acaba o discurso. Eu não tenho discurso, vou resolver os problemas”, definiu.
Adiló Didomenico (PSDB/PTB/PSC/SOLIDARIEDADE/PROS)
Último a se apresentar, Adiló Didomenico enumerou propostas do início ao fim de sua fala. Começando pela saúde, prometeu a descentralização do Samu, da farmácia básica e ampliação das UBSs no interior. Em educação, citou a construção de escolas conforme demanda. Em segurança, apontou para o cercamento eletrônico e o videomonitoramento 24h no interior. No turismo, a criação de uma lei de incentivos para pousadas. O Programa Municipal de Agroindústrias se volta à recuperação do setor “dizimado nos últimos anos”, juntamente com a ampliação do convênio para uso de máquinas. “Não podemos ter medo de ajudar o produtor”, sentenciou. Anunciou “autonomia total” para as subprefeituras, a renovação dos maquinários e a busca, começada enquanto vereador, de cobertura de internet por satélite para a zona rural. Como grandes projetos, defendeu a construção do aeroporto regional e do porto de Arroio do Sal, anunciando a reivindicando de ligação ferroviária entre os dois empreendimentos.
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