Marisa Formolo, doutora em Educação
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11.04.2022 - 08h53min
Quando o humano que mora em nós se volta às irmãs e aos irmãos excluídos dos direitos básicos, novos cenários e mudanças passam a compor os horizontes da vida. Olhar para quem precisa e abraçar suas lutas podem ser atitudes decisivas principalmente se tratarmos dos direitos amparados pela mãe que abriga a todos, a nossa mãe terra, Pachamama.
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A antiga consigna inca Runa Allpa Kamaska nos entrelaça: "O homem (e a mulher) é terra que anda". Somos parte da terra. Viemos dela. Temos corpo, coração, sangue, mente, espírito como parte dos elementos da terra. No entanto, o egoísmo foi a alijando. Ou melhor: foi nos alijando e afastando da Casa Comum anunciada pelo Papa Francisco, essa casa que é terra, é meio ambiente, é natureza e é de todos e para todos.
Os direitos da terra são de todos os seres, não somente dos humanos. E não há ou não deveria haver propriedade nessas relações como não há propriedade de quem mais tem sobre quem mais precisa e muito menos sobre os públicos mais excluídos, como mulheres, negros e indígenas, segmentos que, infelizmente, sabem muito bem onde residem o preconceito, a discriminação e a desigualdade.
Em seu espírito feminino, a mãe terra protege, acalenta, resiste... Resistir e lutar são verbos presentes, por exemplo, no Movimento Nacional de Direitos Humanos, em termos de Brasil, e no Centro de Estudos, Pesquisa e Direitos Humanos, que está completando 38 anos em Caxias do Sul.
Ao celebrar esse marco, a cidade tem a honra de receber, no dia 12 de abril, às 19h, no auditório do Colégio São José, um casal referência em direitos humanos nacional e internacionalmente: o teólogo, filósofo, escritor e professor Leonardo Boff e sua esposa Marcia Miranda.
"Direitos Humanos, Direitos da Mãe Terra - Somos todos irmãs e irmãos?" é o enunciado do encontro organizado por mais de 20 entidades e sindicatos. Leonardo volta a Caxias porque sente que o chão e a vida o acolhem. Aqui, suas palavras ecoam.
Sentimos alegria em recebê-lo, pois você semeia esperança e coragem de lutar. Revendo dedicatórias em seus livros, me senti integrada à palestra. Escreveu-me, certa vez: "Companheira-irmã, és terra que sente, pensa, ama e cuida". Somos privilegiados por revê-lo quase comemorando 85 anos. Tem história para reafirmar o que contribuiu na Carta da Terra, publicada pela UNESCO. É um documento que diz que o destino comum conclama a um novo começo. Isso requer urgentemente uma mudança na mente e no coração das pessoas.
É uma mudança que pensa no coletivo, pensa no outro, porque, nesse chão, somos ou deveríamos ser todos irmãos e irmãs.
Marisa Formolo, doutora em Educação
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