Em meio aos escombros, grupo de voluntários se une para auxiliar sobreviventes
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13.06.2024 - 18h28min
A pequena igreja de Nossa Senhora de Fátima, construída em 1954, no Bairro Passo de Estrela, em Cruzeiro do Sul, não foi poupada pelo desastre climático que atingiu o Rio Grande do Sul em maio passado. No bairro onde mais de 650 moradias viraram escombros, apenas o piso do santuário continuou onde estava desde sua construção. A imagem da santa com quase três metros de altura, que ficava no topo da igreja, foi encontrada a alguns metros do antigo local.
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Ao voltar pela primeira vez no bairro que foi vítima da tragédia, a aposentada Lenir Teresinha Rache, 60 anos, lamentou a destruição da igreja. Sua neta que apenas conhecia a imagem na parte superior da igreja se espantou ao ver a estátua no chão. Pela primeira vez a menina pôde fazer um carinho no rosto da Santa que se encontrava intacta no solo.
No dia da enchente, as duas e mais cinco pessoas da família ficaram cerca de nove horas no telhado de uma casa de dois andares aguardando pelo resgate aéreo. Na última semana de maio, a imagem de Nossa Senhora foi reerguida em uma cerimônia simbólica.
O aposentado Júlio César Lenhard, de 49 anos, também foi até o bairro para ver com os próprios olhos a destruição de sua casa. Após ver os escombros de um bairro inteiro ele contou que foi alertado por uma irmã que a enchente seria grande. Lenhard retirou alguns móveis e conseguiu salvar os eletrodomésticos da casa onde morava.
"Foram momentos de terror. Só quem viu sabe como foi a destruição. Foi uma devastação. Todos os meus parentes e amigos perderam tudo", lamentou.
Segurança
Um carro erguido em um elevador hidráulico e o outro com sinais de que havia sido submerso pelas águas do Taquari foi o que sobrou de uma oficina mecânica localizada na entrada principal do Bairro Passo de Estrela.
O aposentado Irmo Winter que cuidava dos automóveis, de algumas peças e ferramentas fumava um cigarro enquanto contava o que havia testemunhado no dia da enchente. Algumas peças da oficina ficavam na parte superior do estabelecimento. A única que, junto de outra parede, ficou em pé onde antes era o pavilhão da oficina.
Winter revela que no dia em que começou a chuva, o dono da oficina pediu para que todos os proprietários tirassem seus carros do local, o que reduziu os prejuízos materiais no local.
"Tinham 15 carros na oficina. Conseguimos tirar 13 carros antes da enchente", contou aliviado.
Voluntariado
Em meio ao sofrimento das pessoas que perderam tudo, um grupo de voluntários de São José das Missões se organizou para atender as necessidades básicas dos moradores de Cruzeiro do Sul, no Vale do Taquari. A voluntária Valderis de Quadros Bernardi (de boné rosa) diz que dois colegas do grupo mapearam os locais onde as necessidades eram maiores.
"A gente ficou comovido com a situação do nosso Rio Grande do Sul e procuramos uma cidade que estava mais devastada para ajudar. A gente procura distribuir nas casas alimentos prontos para as pessoas consumirem na hora. Todos querem um pouco de carinho, atenção e um abraço", contou a voluntária, antes de seguir o trabalho de doação de alimentos e roupas.
Cruzeiro do Sul tem cerca de 5,7 mil pessoas desabrigadas e 300 famílias ainda estão em abrigos. A cidade ainda precisa de voluntários e mantimentos. Se tu quiser ajudar, uma das formas é entrar em contato com a Defesa Civil ou a Cruz Vermelha do seu município.
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