Antônio Braga, "Caxias do Sul está diante de organizações paralelas às instituições públicas"
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13.06.2022 - 10h28min
De quem afundou piso de delegacias e de ter amassado barro em recantos da cidade atrás de reportagens policiais! Claro, trata-se tão somente da visão de um repórter, em outro tempo, sobre a violência em Caxias do Sul. Na última semana, dois casos marcaram uma cidade nas pegadas como se fosse uma "mini Rio de Janeiro". Dados iniciais apontam a execução inclemente de duas vítimas. Dois homens foram mortos com o emprego de um "modus operandi" não imaginado em época nada distante.
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Entre as décadas de 1980 e de 1990, em meio à crise econômico-financeira do País, o número de assassinatos em Caxias do Sul era maior do que o atualmente registrado. Estatisticamente, tem sido dado ênfase ao fato de que o município registrou este ano, até esta semana, 40 homicídios. É muito, certamente! Mas é menos, proporcionalmente, do que ocorria naquele período. Naquele tempo, em 12 meses, a média girava em torno de cem assassinatos.
A diferença entre a violência de lá e a de hoje está no fato de que aqueles crimes ocorriam em decorrência de brigas, de ronhas, de desavenças particulares, sendo, por vezes, em meio à ingestão alcoólica. Ao contrário, presentemente, o que a sociedade tem assistido são cruéis execuções, como apontam as mortes ocorridas na segunda-feira, 6, no bairro Santa Lúcia da 9ª Légua, e na madrugada de terça-feira, 7, no bairro Bom Pastor.
No primeiro caso, em via pública, no bairro Santa Lúcia, ocupantes de um carro popular perseguiram outro veículo do mesmo porte em meio a uma saraivada de balas. Foram dezenas de balaços! A vítima, de 36 anos, que estava em companhia da mulher e de uma criança, morreu, cuja única reação foi a de tentar fugir. Já no outro fato, no bairro Bom Pastor, a notícia dá conta de que dois homens procuraram a vítima, de 31 anos, e a executaram a tiros dentro de casa.
Seja lá o que for a motivação desses crimes, como uma eventual presunção de envolvimento de drogas, a verdade é que Caxias do Sul está diante de organizações paralelas às instituições públicas. São algo como órgãos criminosos que atuam com regras próprias, com "leis" próprias, com "tribunais" específicos, empregando meios sumários e cruéis.
A violência do passado, coincidentemente ou não, passou por alívio diante da melhora da situação do País, incluindo uma nova constituição federal. Quanto ao quadro atual, é uma incógnita apontar para um ponto que possa freá-lo, visto que Caxias do Sul, naquele tempo, tinha um batalhão de polícia militar, quatro delegacias de polícia, incluindo uma de trânsito, além de duas varas criminais judiciais. Presentemente, o município de Caxias do Sul é servido por dois batalhões de PM, várias delegacias de polícia e várias varas judiciais penais.
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