O fim da coligação para a eleição proporcional e a tentativa de dar visibilidade aos candidatos a vereadores motivaram o número recorde de candidaturas
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19.09.2020 - 09h14min
Com Ariel Rossi Griffante.
Não será alegando ‘falta de opção’ que os 333.696 eleitores habilitados a votar em Caxias do Sul nas eleições de novembro virão a definir sua escolha no 1º turno do pleito municipal, no dia 15, da Proclamação da República. Com o término das convenções partidárias nesta quarta-feira (16), um total de 11 candidatos a prefeito (número recorde na história do município) já busca conquistar a maioria dos votos do segundo maior colégio eleitoral do Rio Grande do Sul. Embora pelo calendário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a campanha se inicie no próximo dia 27 e a propaganda de rádio e TV em 9 de outubro, a homologação das candidaturas demarca a arrancada da corrida que tem como meta a vitória em um provável 2º turno no dia 29 de novembro.
Um somatório de fatores determinou o alto número de candidaturas ao Executivo, dois em especial: o impeachment do prefeito Daniel Guerra (Republicanos), em 22 de dezembro de 2019, e o fim das coligações para as candidaturas a vereador. A retirada de Guerra do cargo – e da busca pela reeleição em virtude da consequente inelegibilidade de oito anos – deixando uma lacuna no campo ideológico do centro à direita, estimulou vários partidos à postulação de preenchê-la, apresentando-se como alternativa aos quase 150 mil eleitores do prefeito afastado.
Já o fim das alianças ao Legislativo incentiva a existência de candidaturas ao Executivo, visando colocar os partidos em evidência para impulsionar a eleição de bancadas à Câmara Municipal, o que vai determinar também um número recorde – provavelmente superior a 350 – de candidatos a vereador.
A estes elementos somam-se toda ordem de reflexos políticos e sociais do pleito presidencial de 2018 e a circunstância gerada pela pandemia do coronavírus, deixando um tempo exíguo para a divulgação das candidaturas. Esse conjunto altera fortemente a forma de se fazer campanha eleitoral. As eleições municipais de 2020 apresentam um contexto inédito (e desconhecido para muitos candidatos e militantes), em que a exploração maciça da comunicação pelas redes sociais ganhará provável maior importância do que o tradicional corpo a corpo nas ruas, bairros e fábricas, do qual emerge o contato entre eleitor e candidatos que tão propriamente caracteriza as disputas locais.
Os concorrentes
O herdeiro de Daniel Guerra (Republicanos) na disputa eleitoral é o chefe de Gabinete e secretário da Saúde de seu governo, Júlio Freitas (Republicanos). E é também o único, uma vez que o líder de governo de então, o ex-vereador Renato Nunes (PL), se coloca como ex-aliado do ex-prefeito. No mesmo espectro mais à direita, os empresários Marcelo Slaviero (Novo), Nelson D’Arrigo (Patriota) e Renato Toigo (PSL) surgem como as novas propostas na cidade posicionadas claramente neste campo ideológico.
O deputado estadual Carlos Búrigo (MDB) e o ex-candidato a prefeito Edson Néspolo (PDT) são as proposições de retomada das linhas dos governos José Ivo Sartori (2005-2012) e Alceu Barbosa Velho (2013-2016) das quais foram peças-chave durante a coligação das duas siglas. O vereador Adiló Didomenico (PSDB), o ex-deputado estadual Vinicius Ribeiro (DEM) e o ex-vice-prefeito Antonio Feldmann (Podemos), por sua vez, apresentam-se como novas alternativas de parte do grupo que esteve na base dessas administrações – cabendo ao primeiro também representar o governo do atual prefeito, Flávio Cassina (PTB). Como resultado, vislumbra-se uma fragmentação de votos entre esses concorrentes.
No campo oposto – a, de fato, todos os demais –, a única candidatura de esquerda: o deputado estadual Pepe Vargas (PT) conduz a aliança que busca do resgate o predomínio que o levou a duas gestões a frente da prefeitura caxiense, de 1997 a 2004.
Os pré-candidatos a vice e os apoiadores
O vereador Chico Guerra foi escalado como pré-candidato a vice pelo irmão Daniel Guerra. Chico nunca escondeu a preferência pelo Executivo ao Legislativo. Agora tem a oportunidade de chegar pelo voto, e não pelas mãos do irmão que o nomeou como chefe de Gabinete. O Republicanos definiu candidatura com chapa pura. O PL apresenta uma pré-candidata a vice para compor a chapa. A advogada Priscila Vilasboa de Abreu, estreia em uma disputa eleitoral partidária. Renato Nunes e Priscila tentam atrair os votos do eleitorado evangélico e concorrem com chapa própria.
O pré-candidato a vice-prefeito do Novo é o professor universitário, Cesar Bernardi. Foi empresário por 24 anos e diretor administrativo e financeiro da UCS, de 2004 a 2008. Em 2019, se filiou ao Novo, sua estreia na política partidária, e coordenou o grupo de Educação do Novo em Caxias. A bacharel em Direito, Andréia Garbin, é a pré-candidata a vice do Patriota. Ela também faz estreia na política partidária na eleição deste ano. Andréia, integrante da Igreja Assembleia de Deus, também vai buscar os votos dos eleitores evangélicos. O pré-candidato a vice do PSL também estreia em uma eleição. O empresário, Nilvo Bertolla, foi tesoureiro durante a gestão de Toigo no diretório municipal da sigla em 2019.
Depois de seis mandatos legislativos, Elói Frizzo (PSB), retorna a uma chapa majoritária. Em 1992, concorreu a prefeito pelo PCdoB. Agora, empresta sua experiência política ao lado de Carlos Búrigo. Completam a coligação o Avante e o Cidadania. Parlamentar de quarto mandato, Edson da Rosa (PP) recebeu a projeção desejada com a confirmação de pré-candidato a vice na chapa com Edson Néspolo (PDT). Ele é ex-secretário de Educação do Governo Sartori. Completam a coligação a Rede e o PV.
Paula Ioris (PSDB), a segunda vereadora mais votada na eleição de 2016 com 5.823 votos, foi a primeira pré-candidata a vice a ser confirmada para a eleição deste ano. Adiló Didomenico (PSDB), seu pré-candidato a prefeito, foi o terceiro mais votado na última eleição com 5.481 votos. A candidatura ganhou o apoio do deputado estadual, Neri, O Carteiro (Solidariedade), vereador mais votado de 2016 com 6.229 votos. A coligação é composta ainda por PSDB, PTB, Solidariedade, PSC e PROS. Pré-candidato a vice na chapa com o ex-deputado Vinicius Ribeiro (DEM), o vereador Kiko Girardi (PSD), cumpre o segundo mandato. Liderança do bairro Serrano, Kiko tem atuação discreta no Legislativo. A coligação é formada pelas duas siglas. O ex-vereador e ex-secretário da Educação nos governos Mansueto Serafini Filho e Mário Vanin, Odir Ferronato (Podemos), empresta experiência na chapa pura com o ex-vice-prefeito e pré-candidato a prefeito, Antonio Feldmann (Podemos).
Depois de 12 anos, o PT volta a compor com o PCdoB em uma eleição municipal. Desta vez, o pré-candidato a vice é o advogado Cláudio Libardi, que chegou a ter o nome rejeitado por um grupo de militantes do PT. Pepe saiu em defensa da indicação do PCdoB.
As 11 candidaturas
:: Adiló Didomenico, candidato a prefeito e Paula Ioris, candidata a vice. Ambos do PSDB. Apoios do Solidariedade, PTB e PSC;
:: Antonio Feldmann, candidato a prefeito e Odir Ferronato, candidato a vice. Ambos do Podemos. Sem apoio;
:: Carlos Búrigo (MDB), candidato a prefeito e Elói Frizzo (PSB), candidato a vice. Apoios do Cidadania e Avante;
:: Edson Néspolo (PDT) e Édson da Rosa (PP). Apoios da Rede, PV e PROS;
:: Júlio Freitas, candidato a prefeito e Chico Guerra, candidato a vice. Ambos do Republicanos. Sem apoio;
:: Marcelo Slaviero, candidato a prefeito e Cesar Bernardi, candidato a vice. Ambos do Novo. Sem apoio;
:: Nelson D’Arrigo, candidato a prefeito e Andréia Garbin, candidata a vice. Ambos do Patriota. Apoio do PRTB;
:: Pepe Vargas (PT), candidato a prefeito e Cláudio Libardi (PCdoB), candidato a vice. Apoio do Psol;
:: Renato Nunes, candidato a prefeito e Priscila Vilasboa de Abreu, candidata a vice. Ambos do PL. Sem apoio;
:: Renato Toigo, candidato a prefeito e Nilvo Bertolla, candidato a vice. Ambos do PSL;
:: Vinicius Ribeiro (DEM), candidato a prefeito e Kiko Girardi (PSD), candidato a vice;
Fotos: Reprodução/Divulgação.
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