Espécie de dois metros e quase oito quilos capturada em São Borja realizou exame de imagem no Ihvet da UCS
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13.03.2024 - 18h12min
Profissionais do Instituto Hospitalar Veterinário (Ihvet) da Universidade de Caxias do Sul (UCS) realizaram um procedimento, no mínimo, incomum: a tomografia computadorizada de uma cobra sucuri de aproximadamente dois metros de comprimento e quase oito quilos. O exame ocorreu nesta terça-feira (12).
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O exame mobilizou uma equipe de médicos veterinários, enfermeiros e assistentes por cerca de uma hora e meia. Assim que chegou ao Ihvet, a cobra foi levada a um ambiente aquecido, onde permaneceu por alguns minutos.
"A elevação da temperatura corporal é fundamental para que os anestésicos necessários para o exame façam efeito", explica a médica veterinária e professora da Universidade de Caxias do Sul, Claudia Giordani, que realizou a tomografia. Em seguida, o animal foi anestesiado e acomodado sobre a maca do tomógrafo.
As imagens computadorizadas foram registradas em três etapas, cada uma exigindo o reposicionamento do réptil – e uma dedicação atenciosa da equipe. Depois de uma hora o procedimento estava concluído, e após mais duas horas a cobra estava acordada e ativa.
O animal foi trazido por uma equipe do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) de Porto Alegre, onde está sob cuidados do Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), e o exame faz parte de um estudo de reconhecimento da espécie Sucuri Amarela cujo objetivo é consolidá-la como um animal da fauna nativa do Rio Grande do Sul.
Na metade da tarde, a sucuri recebeu "alta" e retormou ao Cetas. O resultado do exame fica pronto em até quatro dias úteis, mas preliminarmente tudo indica que ela voltará à natureza na próxima semana, no mesmo local onde foi resgatada.
A tomografia feita no IHVET faz parte de uma bateria de exames pelos quais a cobra está passando, a maioria deles realizada no próprio Cetas, onde já foi coletado material biológico e genético e concluída a parte epidemiológica.
"A tomografia computadorizada é importante porque nos ajuda a conhecer a sistemática do animal e sua anatomia graças à qualidade das imagens, fundamental para a identificação da espécie", destaca o médico veterinário, Paulo Guilherme Carniel Wagner, analista ambiental do Ibama e chefe do Cetas-RS.
Já referência como complexo hospitalar veterinário no Rio Grande do Sul, o Ihvet foi escolhido pelo Ibama para realização do exame por ser um hospital-escola de uma Universidade comunitária e devido a sua estrutura, equipe e proximidade de Porto Alegre.
"A UCS é nossa parceira, e gentilmente se colocou à disposição para proceder esse exame. Uma parceria muito importante, que nos faz ter uma análise de alta qualidade, de tecnologia, para fornecer informações desse animal e de futuras espécies", observa Wagner.
Do folclore à identificação científica
A cobra da espécie Sucuri Amarela examinada em Caxias do Sul foi resgatada dia 13 de fevereiro, a cerca de 100 metros das margens do Rio Uruguai, no interior da cidade de São Borja.
Avisada por populares, a Polícia Militar Ambiental de São Borja recolheu o réptil e contatou o Ibama, que encaminhou seu traslado ao Cetas-RS, em Porto Alegre.
"Solicitamos à Polícia Ambiental que o animal não fosse solto de imediato pelo interesse em analisá-lo, porque já há histórico de aparecimento dessa espécie na costa do Rio Uruguai, principalmente na parte Sul, a partir de Itaqui, São Borja, Uruguaiana e Barra do Quaraí. Estamos procedendo com esse estudo, porque a frequência dos relatos nos faz crer que trata-se, sim, de um animal da fauna nativa do Rio Grande do Sul, ao contrário do que muita gente pensa", relata o analista ambiental do Ibama, Paulo Guilherme Carniel Wagner.
Ele explica que a Sucuri Amarela tem ocorrência, como área núcleo, no Pantanal, mas também ocorre no Paraguai e na Argentina, principalmente descendo pela Bacia do Prata, do qual o Rio Uruguai faz parte.
Historicamente, moradores da costa do Rio Uruguai sempre relataram a presença desses animais, mas isso foi, por muito tempo, declinado como folclore por uma ala de pesquisadores.
"Infelizmente", ressalta Wagner.
"As cobras continuaram surgindo por lá, inclusive temos relatos de pessoas que as matavam para tirar o couro. Hoje estamos retomando esses estudos para comprovar que a Sucuri Amarela também pertence à fauna nativa gaúcha", conclui Wagner.
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