Prefeitura pede a colaboração dos caxienses para que os agentes de saúde realizem a verificação e busca por locais com água parada nas residências
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17.03.2022 - 12h03min
Caxias do Sul teve o primeiro caso de dengue autóctone (contraída na cidade) neste ano. O caso foi confirmado no dia 10 de março pelo Laboratório Central de Saúde Pública do Rio Grande do Sul (Lacen). O paciente teve sintomas leves e não precisou de internação médica. Antes, outro paciente teve a confirmação da doença - mas o caso foi importado de outra cidade. Atualmente, outros oito casos são tratados como suspeitos. Para preservar a identidade, a administração municipal não informou o sexo, a idade e o bairro do paciente. Este é o segundo caso de dengue autóctone da história de Caxias, o primeiro ocorreu em 2020.
Na manhã desta quinta-feira (17), o Executivo fez uma coletiva de imprensa para fazer um apelo à população. A preocupação é com o aumento expressivo de focos do mosquito nos últimos três anos. Em 2019, foram 34 focos. No ano seguinte, houve uma redução para 27 casos. Em 2021, o número aumentou para 209 focos, e até quarta (16) já registra 300 focos do Aedes aegypti, a grande maioria com a identificação de mosquitos na fase adulta e localizados em residências.
A secretária da Saúde, Daniele Meneguzzi, manifestou grande preocupação com o cenário que se desenha para os próximos meses se o número de focos não for controlado.
"Temos 35 bairros com focos, Caxias hoje é uma cidade contaminada pelo vírus. Os 300 focos são o que foi encontrado, mas certamente temos mais e acreditamos também que existam outros casos da doença, porque os sintomas podem ser confundidos", alerta a secretária.
"No fim do ano passado nós já tínhamos a previsão de que a situação se agravaria neste ano, e tomamos diversas medidas. Foram nomeados mais 16 agentes para reforçar a equipe, fizemos parcerias com a Secretaria de Educação e a União das Associações de Bairros (UAB), com reuniões para tratar do assunto nas escolas e bairros. Porém, o que vai efetivamente mudar essa situação é a mudança de comportamento das pessoas dentro de casa", atesta a diretora da Vigilância em Saúde, Juliana Argenta Calloni.
O prefeito Adiló Didomenico (PSDB) comparou a dengue com a covid-19 e salientou que, no tema de hoje, há mais que pode ser feito.
"A covid era um inimigo invisível, sobre o qual não tínhamos como agir, a não ser com os cuidados de prevenção. No caso do Aedes é diferente, temos o que fazer, depende de nós evitar a água parada, lavar recipientes. A comunidade precisa abraçar essa causa", alertou.
A situação se repete em outros municípios do Estado, com aumento de focos e de casos da doença. A razão é a adaptação do mosquito ao clima e da população.
"Ano passado, nas verificações, encontrávamos três tipos de mosquitos, e 20% eram Aedes. Hoje, 100% das amostras que coletamos são de Aedes Aegypti", alerta a diretora técnica da Vigilância Ambiental em Saúde, Sandra Tonet.
Ela reforçou a necessidade da mudança de comportamento e atitude da população para reduzir o número de focos do mosquito. Sandra relata ainda que os agentes de saúde estão tendo cada vez mais dificuldade de entrar nas casas para fazer a verificação e busca por locais com água parada.
A estiagem e a impossibilidade de utilizar água potável para lavar carros, calçadas e molhar plantas, por exemplo, fez com que pessoas que não tinham o hábito de armazenar água em casa, estejam utilizando tonéis, bacias, etc para armazenas água da chuva. Essa prática pode estar auxiliando no aumento dos focos. A orientação é que, nesses casos, os recipientes usados sejam totalmente cobertos, para evitar a proliferação do mosquito. Nesse sentido é fundamental a colaboração da população para manter os ambientes limpos adequadamente, evitando o acúmulo de água parada.
A vice-prefeita Paula Ioris também esteve presente na coletiva.
Por não ser uma doença comum na região, há uma dificuldade maior de diagnóstico, ou até de ser considerada como suspeita, no caso de indivíduo com possíveis sintomas. A SMS orienta tanto os profissionais da saúde quanto a população em relação aos sintomas da doença, conforme abaixo. É importante destacar ainda que, além da dengue, o Aedes Aegypti é transmissor do zica vírus e da febre chikungunya.
Casos suspeitos de dengue
Indivíduo que apresente febre, usualmente entre 2 e 7 dias, e duas ou mais das seguintes manifestações: náusea/vômito, erupção avermelhada na pele, dores musculares ou nas articulações e dor de cabeça ou dor nos olhos.
Orientações para evitar a proliferação
:: Limpar com escovação semanal o recipiente de água dos animais domésticos;
:: Recolher o lixo do pátio;
:: Colocar o lixo ensacado para ser recolhido pela Codeca;
:: Recolher pneus inservíveis e armazená-los em locais secos e protegidos da chuva, ou encaminhá-los ao Ecoponto da Codeca;
:: Tampar caixas d'água;
:: Colocar telas milimétricas em caixas d'água descobertas, reservatórios de captação de água da chuva e nos ralos;
:: Limpar as calhas;
:: Semanalmente, lavar e escovar piscinas plásticas, trocando a água;
:: Eliminar os pratinhos das plantas;
:: Cobrir recipientes de armazenamento de água.
Focos de Aedes aegypti em Caxias do Sul
:: 2019 – 34 focos
:: 2020 – 27 focos
:: 2021 – 209 focos
:: 2022 – 300 focos (até 16 de março)
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Saúde Caxias do Sul confirma primeiro caso dengue contraída na cidade autóctone