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Câmara envergonha Caxias mais uma vez

Antônio Braga: 'A História, ao reconhecer o fato como vergonhoso, mostrará à posteridade que essa conduta miúda também macula o Poder Executivo'.

Colunista - Redação

Redação

redacao@serraempauta.com
22.05.2023 - 07h05min

Divulgação
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Não é de hoje que os anais registram episódios que envergonham o bom senso na Câmara de Vereadores de Caxias do Sul. É o caso do recente processo que salvou o mandato do vereador Sandro Fantinel, autor de veemente discurso contra baianos resgatados de situação análoga a trabalho escravo. Soma-se a esse desatino a vergonha de, no passado, a Câmara ter rejeitado distinções a dois cidadãos de relevo: dom Benedito Zorzi e Nestor Domingos Rizzo.

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É de domínio público que o vereador Sandro, veemente em preconceitos e xenofobia, expulso do Patriota, fez apologia à prática criminosa ao apontar as vítimas como responsáveis pela situação de delinquência que envolveu três vinícolas de Bento Gonçalves e de Garibaldi que se aproveitaram de mão de obra análoga à escravidão. Diga-se, o setor vinícola da Serra é formado por dezenas de empresas que produzem os melhores vinhos nacionais sem se envolver em atos ilegais dessa natureza.

Ainda que a maioria, na Câmara, tenha votado contra esse edil dispositivo legal salvou o seu mandato, afinal, eram necessários 16 votos de um total de 23. Os votos pela perda do mandato foram 13. Ele foi salvo por 9. Sandro esnobou o décimo – seu próprio voto. A História, ao reconhecer o fato como vergonhoso, mostrará à posteridade que essa conduta miúda também macula o Poder Executivo, que liberou um secretário com mandato de vereança para salvar o então veemente colega. O suplente afastado por algumas horas para dar lugar ao secretário era líder do governo, indicação de que o prefeito agiu para eternizar essa vergonha institucional caxiense.

Mesmo que Sandro tenha se declarado absolvido e se qualificado como "branco e franco", numa rádio local, seu futuro político está cambaleante. Ele está denunciado por ato criminoso pelo Ministério Público. Se condenado, com provas irrefutáveis, ainda que ele não seja preso diante da dosimetria da pena, a Câmara corre o risco de contar em suas fileiras com um de seus membros lançado no rol de condenados pela Justiça.

Da história – O Legislativo caxiense tem na sua conta a vergonhosa não concessão do título de Cidadão Caxiense aos falecidos bispo diocesano dom Benedito Zorzi e ao empresário Nestor Rizzo. Rizzo teve negado o título em duas ocasiões, enquanto a situação que envolve o bispo só é conhecida por notícia em um cantinho de jornal, em 1972.

O recorte do jornal está eternizado no livro Direito & Humanismo, de Percy Vargas de Abreu e Lima, em edição póstuma pela Educs. O recorte informa que Rizzo não obteve o mínimo de 10 votos de um total de 15 para obter o título. Já a votação sobre o título a dom Benedito foi adiada, informa o recorte. E ninguém mais falou disso. A verdade é que a lista de homenageados não contempla o bispo.

Nestor Rizzo ainda teria rejeitado um segundo projeto de concessão do título de Cidadão Caxiense mais de dez anos depois. Ele foi um empresário do ramo alimentício, dono do Frigorífico Rizzo, em torno do qual o primitivo "Mato Queimado" transformou-se no hoje populoso e próspero bairro Desvio Rizzo. Mas a grande marca pessoal de Rizzo foi no setor da comunicação. Sua atuação está ligada como protagonista do rádio e da televisão em Caxias do Sul.

Dom Benedito, nascido na então localidade de Nova Pádua, também teve atuação de relevo em prol de Caxias do Sul, além de ter sido conciliar durante o Concílio Vaticano II. O seu nome está ligado ao protagonismo do ensino universitário no município e na moderna Festa da Uva. Benedito foi um leal homem nas diretrizes do Concílio. Ao seu tempo, na Diocese, autorizou ações muito além do seu tempo com a criação de mecanismos para atender minorias, como, por exemplo, prostitutas e ciganos. Depois de sua morte, em 1988, o seu nome foi dado a uma rua secundária, além de uma medalha no âmbito da Universidade de Caxias do Sul.

PS – Louvor aos vereadores Gilfredo De Camillis, Edi Carlos Pereira de Souza, Estela Balardin, Felipe Gremelmaier, Juliano Valim, Lucas Caregnato, Marisol Santos, Professor Zanchin, Rafael Bueno, Renato Oliveira, Rose Frigeri, Tatiane Frizzo e Zé Dambrós. Eles compreenderam a grandeza do Poder Legislativo diante de individualidades ao votar pelo fim do mandato de Sandro.

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