Câmara de Vereadores celebra os 50 anos da Associação de Umbanda Caxias

Fábio Rausch/Câmara de Caxias/Divulgação

Os 50 anos da Associação de Umbanda Caxias foram celebrados em sessão solene da Câmara de Vereadores de Caxias do Sul. O evento foi realizado na noite desta terça-feira (28), no plenário da Casa.

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O ato reconheceu a contribuição da agremiação com o fortalecimento da fé e da religiosidade, em solo caxiense, a partir do culto aos Orixás. A proposição da homenagem coube ao ex-vereador Adam Rech (PSB), presente à cerimônia. Na condução da solenidade, estava a presidente do Legislativo, vereadora Marisol Santos (PSDB).

A partir da tribuna, o vereador Zé Dambrós (PSB) pronunciou-se em nome do Parlamento. Salientou que o marco de hoje se constitui em resgate histórico de um povo muito perseguido.

"Pais e mães de santos lembram de como a sociedade via a umbanda, tendo os cultos interrompidos e os praticantes recolhidos, em desrespeito ao princípio constitucional da liberdade de crença. É o momento de exaltar a figura de Lauro de Medeiros de Oxum, diretor espiritual e pioneiro da associação", enalteceu.

Para Dambrós, hoje, Caxias demonstra não ser intolerante. Pelo contrário, segundo ele, existe a disposição para acolher todos, com respeito e valorização ao próximo. Recordou que, em 2023, a Câmara sediou a Conferência de Terreiros.

Depois de receber placa alusiva aos 50 anos, o presidente da associação, Saul de Medeiros, saudou a comunidade afro-umbandista. Ressaltou que cada terreiro representa um quilombo e cada dirigente, um zumbi.

"Temos o compromisso de trazer para fora dos terreiros a liturgia e a cultura religiosa. Por vezes, os próprios brasileiros negam a sua brasilidade. Mantemos empunhada a bandeira de combate à chaga do preconceito", exaltou.

De acordo com o Saul, Lauro de Oxum se mostrou um homem à frente do próprio tempo, sendo um dos primeiros psicanalistas da cidade. Referiu algumas das conquistas da Associação, no decorrer dos anos, como a Praça Lauro de Oxum, a única no mundo. Disse se orgulhar do fato de o Brasil ser o país que mais cultua Orixás, inclusive à frente das nações africanas.

Saul destacou que o Orixá Ogum é patrono de Caxias e do Rio Grande do Sul, Estado que, na sua opinião, mais luta pelo afro-umbandismo. Citou que partiu da Associação a idealização da Bandeira Oficial da Umbanda, assim como a cartilha de orientação. Relatou que a agremiação influenciou na criação do Dia Nacional da Umbanda, 15 de novembro, e do Conselho Superior de Umbanda da Serra Gaúcha.

O prefeito Adiló Didomenico (PSDB), atentou que Caxias se formou pela miscigenação. Mencionou que, em 2023, vieram para a cidade pessoas de 45 países, 21 estados e 141 municípios gaúchos. Disse que, nos últimos anos, a Central de Atendimento ao Migrante (CAM) acumula 14.107 registros.

"Essa cidade melhorou muito no acolhimento e no respeito às crenças e práticas religiosas, em conformidade com a Constituição. Hoje, conta com 700 terreiros federados", afirmou.

Adiló admitiu que, há 42 anos, toda quarta-feira, comparece a um centro de umbanda.

"O plano espiritual nos orienta e nos guia", definiu.

Ele contou sobre a participação na viabilização do Monumento a Ogum, junto à Perimetral Bruno Segalla. Reiterou que, em breve, o Parque Ecológico Reino dos Orixás, em área cedida do Bairro Cruzeiro, voltará a ser o local de oferendas e despachos, no Município.

Depois da solenidade, o proponente dela conversou com a Assessoria de Comunicação Social da Casa. O ex-vereador Adam Rech enfatizou ter sido o autor do projeto que resultou na Rua Zélio Fernandino de Moraes, patrono da Umbanda. Reproduziu citação de Zélio: "com os que sabem mais, aprenderemos. Aos que sabem menos, ensinaremos. Mas, a ninguém viraremos as costas".

Saiba mais sobre a agremiação homenageada

Fundada em 15 de janeiro de 1974 pelo Babalorixá Lauro de Oxum, a Associação de Umbanda Caxias teve sua reativação marcada em 26 de dezembro de 1995, sob a liderança do Babalorixá Saul de Ogum, com o apoio essencial de Jorge Airton de Souza, Vitalino Cescon, Tânia de Yemanjá, Antônio de Ogum e Eneo de Ossanha.

Ao longo dos anos de dedicação à causa da fé e das religiões de matriz africana, a Associação empenhou-se em promover a integração e em resgatar a riqueza cultural afro-brasileira, assim como os fundamentos da Umbanda.

Destacando-se como uma referência na comunidade, a Associação de Umbanda Caxias organizou nove congressos, conduziu sete procissões em honra ao Orixá Ogum, e realizou cinco cerimônias de entrega do troféu "Compromisso pela União", reconhecendo o trabalho dedicado dos caciques, babalorixás e yalorixás.

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