Em 2023, no Rio Grande do Sul, o Ministério do Trabalho já verificou 303 situações análogas à escravidão
redacao@serraempauta.com
18.04.2023 - 09h15min
A Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Câmara de Caxias do Sul decidiu criar um grupo para discutir sobre o trabalho digno.A deliberação resultou de reunião pública do grupo parlamentar, realizada na noite desta segunda-feira (17), no plenário do Legislativo. O encontro buscou refletir sobre as providências dos casos recentes de práticas análogas à escravidão. Conforme balanço do Ministério do Trabalho, o número de situações já alcançou 303 casos de flagrantes de trabalho análogo à escravisão no Rio Grande do Sul neste ano.
De acordo com a presidente da comissão, vereadora Rose Frigeri (PT), ainda será definido o formato do grupo de discussão: subcomissão no âmbito dos Direitos Humanos da Casa ou uma frente parlamentar específica para o tema.
Rose acredita que o debate precisa ser permanente, abrangendo todas as pessoas em situação de vulnerabilidade social, com avalições de condição humana e combate à exploração infantil.
"Cabem medidas concretas que auxiliem, inclusive, na fiscalização do próprio poder público. Tentaremos levar essa pauta para as abordagens de sala de aula, nas escolas", observou a parlamentar, cuja manifestação teve o reforço do vereador Renato Oliveira (PCdoB), integrante da comissão.
De acordo com a deputada federal, Denise Pessôa (PT), casos, como o das vinícolas de Bento Gonçalves, onde cerca de 200 trabalhadores foram encontrados em condições semelhantes à escravidão, refletem um histórico do período de escravidão pelo qual o Brasil passou, cuja abolição oficial deu-se em 13 de maio de 1888, após quase 400 anos da prática.
"Desde 2016, infelizmente, observamos um desmonte dos direitos trabalhistas e previdenciários, incluindo o serviço público. Temos que combater o ódio contra a categoria trabalhadora", alertou.
Na ótica da deputada estadual, Bruna Rodrigues (PCdoB), é inadmissível que, em 2023, se encontrem trabalhadores em condições tão precárias. Pediu uma análise profunda do que acontece nas cidades, com o avanço da terceirização e da desvalorização do trabalho.
O representante do Ministério do Trabalho, Rafael Zan, explicou que o artigo 149 do Código Penal, por meio da lei federal 10.803/2003, definiu quatro formas de exploração do trabalho escravo contemporâneo: trabalho forçado, servidão por dívida, trabalho degradante e jornada exaustiva.
Já o superintendente regional do Trabalho no Rio Grande do Sul, Claudir Nespolo, bradou pelo encerramento do que chamou de ciclo perverso.
Leia mais:
Samae inicia construção de nova rede pluvial no Sagrada Família, em Caxias
Câmara de Caxias ouve depoimentos de mais cinco testemunhas no processo de cassação de Sandro Fantinel
Câmara de Caxias abre inscrições para o Vereador por um Dia 2023
Apresentação das embaixatrizes da Fenavindima, em Flores, abre pré-concurso
Caxias do Sul contará com residencial geriátrico em Galópolis
Tags:
Comissão de Direitos Humanos Câmara de Caxias criação grupo discutir trabalho digno Caxias do Sul