Matéria de autoria da vereadora Estela Balardin foi aprovado por maioria de votos
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21.07.2022 - 16h12min
A inclusão do Julho das Pretas no calendário oficial do Município foi aprovada durante a sessão desta quinta-feira (21) na Câmara de Caxias do Sul. A matéria recebeu 16 votos favoráveis e quatro contrários os vereadores Adriano Bressan (PTB), Alexandre Bortoluz (PP), Maurício Marcon (Podemos) e Sandro Fantinel (Patriota).
O projeto é de autoria da vereadora Estela Balardin (PT) e recebeu um substitutivo da própria parlamentar, acrescentando a inclusão no calendário oficial e não sendo apenas mais um evento da cidade.
Para entrar em vigor, como lei, a matéria passa a depender da sanção do prefeito Adiló Didomenico (PSDB). O Julho das Pretas será lembrado, anualmente, na última semana do mês de julho, tendo como propósito desenvolver campanhas para "sensibilizar e conscientizar a população quanto à necessidade de superação das desigualdades de gênero e raça, colocando em evidência o protagonismo das mulheres negras".
Segundo o projeto, as campanhas deverão prever a realização de ações de mobilização, cursos, palestras, debates, seminários, distribuição de materiais gráficos, ações culturais, fixação de material de divulgação em coletivos de transporte e pontos de ônibus, entre outros recursos visando a divulgação da necessidade de estabelecer igualdade de gênero e de raça. Ainda pela matéria, as ações poderão ser promovidas em instituições de ensino públicas e privadas, serviços de convivência e fortalecimento de vínculos, entre outros espaços.
Durante a apreciação da matéria, Estela lembrou das dificuldades pelas quais passam as mulheres negras em razão da discriminação ainda existente. Emocionada, a petista lembrou que a primeira discussão do projeto ocorreu um dia antes de ter sido internada no Hospital Geral, devido a ingestão excessiva de medicamentos.
O que disseram
"Eu gostaria de dividir algo que eu vivi na minha infância que são os traumas e as dificuldades que muitas de nós mulheres negras enfrentamos durante toda a vida. São as vergonhas do nosso cabelo, da nossa cor, das nossas diferenças e daquilo que nos faz únicas, mas que infelizmente pela estrutura de sociedade que a gente tem, a gente vai nos condicionando e aprendendo que temos que ter vergonha." Estela Balardin (PT)
"Todos somos iguais, ninguém é diferente, tanto mulher quanto homens. (...) Vou votar contra o Julho das Pretas, porque eu acho que não faz sentido nós segregarmos seres humanos por causa da cor da pele. Isso é algo vergonhoso! Isso existe legislação para quem segrega. E me entristece muito que este crime, que é crime, ainda exista no nosso país. (...) Agora segregar as pessoas por causa da cor da pele eu digo aos colegas, nunca vou poder ser favorável a isso porque volto dizer, acho que todos somos iguais." Maurício Marcon (Podemos)
"Não adianta nós taparmos o sol com a peneira. Nós somos sim um país racista, um país machista e quanto mais a gente falar sobre o assunto, talvez a gente consiga melhorar o pensamento das pessoas. (...) Quero dizer que na minha casa mesmo existiam, e existem ainda, pessoas racistas, pessoas machistas. Eu fui criada nisso. Mas eu nunca fui racista e nem machista." Gladis Frizzo (MDB)
"O racismo estrutural. Nós temos que combater isso. E tu combates com ações, tu combates com ações. Mulheres negras ganham 57% a menos que os homens; 75% da camada mais pobre do Brasil é de negros e pardos. Espero, sinceramente, vereadora Estela, se essa lei aprovada e depois sancionada pelo prefeito, que aconteçam ações na cidade, porque não basta, simplesmente, votar a lei, ter todo esse debate, surgirem situações do debate e não se tomar nenhuma atitude. Nós precisamos agir. Precisa mostrar, tem que escancarar. (...) Se existe o preconceito racial, contra a mulher é ainda maior, porque aí é mulher e negra." Felipe Gremelmaier (MDB)
"Esse seu projeto é uma oportunidade real para trazer isso à tona. Então, eu quero lhe dizer, vereadora Estela, que em momento oportuno voltarei favorável sim. Nós enquanto mulheres desta Casa temos a consciência de todas as dificuldades que por vezes passamos e não é fácil, vereadora Estela, nunca foi fácil ser mulher, mas a gente está num caminho, um caminho, sem volta, de grandes mudanças, de grandes transformações na sociedade." Tatiane Frizzo (PSDB)
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