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Fábio Panone Lopes/Reprodução/Divulgação

O projeto Mosaico na Quebrada dá mais um passo neste fim de semana (29 e 30 de julho) e propõe uma conexão da cidade com o Bairro Euzébio Beltrão de Queiroz por meio da pintura do muro do Cemitério Público Municipal, na Rua 20 de Setembro, em Caxias do Sul.

Mais de 40 artistas estão envolvidos na iniciativa, que tem como realizadores o Instituto SAMbA e a comunidade do Beltrão, representada pelo Vielas Espaço Cultural. A ação é financiada pelo Sicredi, por meio do fundo social.

"O Mosaico já deu voz à comunidade e, depois dele, demandas que eram ignoradas passaram a ser ouvidas. Estamos evoluindo dentro do Beltrão desde 2021 e seguiremos com os projetos das casas. Porém, agora queremos começar uma conexão da cidade conosco", afirma o presidente do Vielas, Fernando Morais.

Ele salienta que a maioria dos moradores de Caxias pensa que a Rua 20 de Setembro termina na esquina com a Rua Dr. Bozano, onde ficam as capelas, no entanto, ela segue por mais duas quadras e entra no bairro.

"O Beltrão sempre esteve ali e por muito tempo se fingiu que ele não existia. Agora, pintando o muro da 20 de Setembro na quadra que está dentro do bairro, queremos propor que a cidade se conecte, rompendo essa barreira", complementa.

A presidente do Instituto SAMbA, arquiteta e urbanista Jessica De Carli, pretende levantar um debate sobre a retirada das bordas que delimitam bairros e relações, propondo que se olhe para a cidade como manchas regionais, unindo lugares e conectando moradores.

"Estudos comprovam o poder da arte urbana como propulsora de segurança passiva e de uma sensação de acolhimento. Ao levarmos arte para o muro, queremos convidar as pessoas a se apropriarem dessa quadra da Rua 20 da Setembro e circularem por ela", explica.

Para criar o conceito desse grande graffiti, que se estenderá por cerca de 80 metros, foi convidado o arquiteto e artista Fábio Panone Lopes, um caxiense reconhecido globalmente pelos seus murais pintados em diversos países. Entendendo o espírito de união do Mosaico na Quebrada, um projeto que surgiu de uma ideia da comunidade e tem os moradores do Beltrão como personagens, ele decidiu reunir um grande número de artistas para um trabalho conjunto.

"Vamos fazer uma grande sopa de letras, uma junção de vários throw-up’s no famoso estilo graffiti de rua, levando as assinaturas dos artistas para o muro por meio da letra de cada um e juntando vários nomes que representam a cena do graffiti na cidade e no Estado", destaca Fábio.

Serão dois dias de trabalho das 9h às 16h para transformar o muro cinza e abandonado em um espaço colorido e cheio de vida. Para que exista uma harmonia quando a pintura estiver pronta, o arista e coordenador do projeto fez um esboço do que está sendo planejado, porém, a arte terá a sua própria identidade, criada a partir do trabalho de cada um dos grafiteiros.

"Eu fiz um desenho para que se tenha uma linha a seguir, mas o muro vai se fazer sozinho", completa.

Em relação à curadoria dos artistas, Fábio focou nos participantes do Festival Revolução, que será realizado em setembro, e inclui grafiteiros de Caxias, outras cidades da Serra e da Região Metropolitana.

"Com esse projeto, teremos a oportunidade de valorizar os nossos artistas e mostrar o que a cena local pode construir na arte de rua".

Aos moradores de Caxias ficam três convites. O primeiro deles é acompanhar a pintura no fim de semana, com um chimarrão, uma cadeira de praia, o pet, a família, os amigos. O segundo é esquecer que as bordas existem e olhar para a cidade como um grande território de união. E o terceiro é seguir reto ao chegar na esquina com a 20 de Setembro e a Dr. Bozano. Que essa pintura seja a motivação para dobrar na esquina seguinte.

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