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Anotações de um repórter

Antônio Braga: 'O município, pelo visto, não quer nem saber do controle direto do imóvel da velha Maesa.'

Colunista - Redação

Redação

redacao@serraempauta.com
27.02.2023 - 06h55min

Divulgação
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Na chegada a Caxias do Sul, em 1977, era preciso tatear o terreno para saber onde estava pisando. Conhecer a cidade, enfim! Era imperioso ter uma ideia não só sobre o pensamento de sua gente, como dispor de dados sobre a sua constituição física. Lá, meio longe, ficava a Maesa. O que vinha a ser isso? Metalúrgica Abramo Eberle S.A.!

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Bem no Centro, a uns 50 metros da, agora, inexistente rosa dos ventos, na Praça Rui Barbosa (o nome Dante Alighieri seria retomado um tempinho depois), ficava o varejo Eberle. O complexo Eberle tomava quase todo o quarteirão. Bah, o varejo, na rua Sinimbu, era de encher os olhos! Só a vitrine já era um ponto de atração turística. Coisa linda! E coisas caras. De primeira!

A sudeste dali havia traços tênues de uma Caxias rural. A uma quadra ficava o Parque Getúlio Vargas (Macaquinhos). Havia uns macacos presos numa ilhota. Até 1954, o lugar era conhecido como chácara da viúva Giuriolo. O dono era um médico, que, diziam, teria sido maçom, o que lhe causava embaraços à profissão. O dr. Antônio teria mudado de cidade e, depois, voltado para a Itália. A chácara, então, foi adquirida pelo município, sendo palco das festas da uva. Hoje, Centro Administrativo Municipal!

Separada por uma rua do "Macaquinhos", situava-se a chácara Eberle; um pouco mais adiante, a Maesa. A chácara era uma enorme reserva verde particular. No centro da área havia um palacete chamado "Casa Rosa". Havia ainda, mais ao Sul, traços da quinta Luiz Antunes. Esses lugares, hoje, estão densamente tomados por unidades imobiliárias.

Passado um bom tempo, beirando o ano 2000, em entrevistas com as senhoras Rozália, Zaíra e Mariza, filhas de Abramo, foi possível traçar uma ideia do que eram essas áreas nos anos 1940-50. Um pouco antes também! A chácara demandava tempo para visitá-la como área campestre. "Era longe!", lembrava dona Mariza. Ela era a caçula. Também por volta de 2000, as irmãs eram herdeiras de um quase nada do que sobrou da Maesa.

A Maesa ainda foi locada para outra metalúrgica que não deu ponto. Ação fiscal do Estado adjudicou o patrimônio. Em demandas pra cá e pra lá, em 2014, o governador Tarso Genro, veio assinar o repasse da área para o município que ainda anda pra cá e pra lá, mas passados mais de oito anos não sabe o que fazer. Parece um elefante branco!

Há mobilização comunitária que sabe o que fazer, começando por um mercado público. Isso já foi discutido. Todavia, no âmbito da prefeitura, parece que há um tapume "pichado" com a inscrição: "concessão". Por lá falam coisas tipo Parceria Público Privada (PPP), discurso de quem defende entes públicos como escritórios carimbadores da burocracia.

Voltando, naquele tempo em que a Maesa era potência funcionavam alguns serviços públicos vindos dos anos 1950-60 para minorar o custo de vida na cidade: Armazéns Populares, Departamento Municipal de Abastecimento Público – Dmap, Mercado Público, esse ocupava a área do atual Postão do Centro. O município, porém, se afastou de tudo isso na década de 1980. E, pelo visto, não quer nem saber do controle direto do imóvel da velha Maesa.

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