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Opinião

Ana Rech e o resgate à saga turística

Antônio Braga:

Colunista - Redação

Redação

redacao@serraempauta.com
25.07.2022 - 08h23min

André Tajes/Serra em Pauta
Foto Principal - Notícia

Depois de pouco mais de três décadas um importante sinal. Uma visita! A visita oficial da Câmara Municipal a um empreendimento turístico de Ana Rech. Em 1986, o então distrito pleiteava a emancipação político-administrativa. A forte oposição acenava com vaga chance de a localidade seguir integrada a Caxias do Sul, tendo como retorno esforços públicos para transformá-la em polo turístico – histórica vocação do distrito. E Ana Rech não se emancipou e nem virou polo turístico! Agora, todavia, essa visita pode significar um sinal para preencher o vazio histórico.

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A notícia dá conta que o Programa Visitas Legislativas, da Câmara Municipal, em meados de julho, foi a Ana Rech para conhecimento do "Villa dei Troni", a Vila do Trovão. A presença de vereadores, pois, a depender da ação legislativa em torno dessa visita, gera a expectativa de que, finalmente, o agora bairro receba a atenção oferecida naqueles tempos sob pena de não passar, ela também, de mais um ato vazio.

O Villa dei Troni decorre de mãos particulares como diz a notícia. Trata-se de iniciativa do empresário Edson Tomiello, que idealizou um museu a céu aberto, retratando a colonização e o tropeirismo, raízes pioneiras de Ana Rech. A Vila do Trovão constitui-se da história preservada, numa área de 5 hectares, com réplicas, incluindo gruta, olaria, igreja, ferraria, moinho, museu, bodega, casa do artista, salão, escola, barbearia, alfaiataria, açude, estábulo, aprisco. E um montão de coisas mais! Ah, tem parreiral de 130 anos. Os pilas chegam perto de R$ 30 milhões, diz a notícia.

A saga da localidade remonta aos tempos da "Ottava Lêga", Oitava Légua. O "Picadão", que, em 1876, passaria à estrada Conselheiro Dantas, foi fundamental para lastrear a atividade da patrona Ana Rech, italiana, que ali instalaria um "entreposto" do tropeirismo, com ligação aos Campos de Cima da Serra. Esse Picadão foi a primeira ligação da região de que se tem notícia com o mundo. Ora, pois, 110 anos depois os anarrequenses pleitearam a emancipação. A mobilização foi incrível!

Naquele dia, 22 de outubro de 1986, o foguetório foi ensurdecedor para celebrar a aprovação do plebiscito pela Assembleia Legislativa. E veio o plebiscito! E a festa foi ainda mais incrível quando foi proclamado, mesmo não oficialmente, o resultado. O povo festejava, gritava, abraçava-se no salão da comunidade. Em ouvidos emancipacionistas, porém, soava o zumbido do "Ana Rech tem que continuar com Caxias". E o nhenhenhém do polo turístico produzia ranger de dentes!

De nada adiantou esse ranger. A lei de emancipação não foi reconhecida judicialmente. A luta foi para a Assembleia Constituinte que reconheceu, via Constituição do Estado, o município de Ana Rech. A coisa chegou ao Supremo Tribunal Federal, que jogou água gelada na fervura: não se faz emancipação municipal por ato constituinte estadual sem lei federal. E os emancipacionistas, contrariados, mudaram, simbolicamente, o nome do distrito: "Município Cassado de Ana Rech".

O tempo, aos poucos, se encarregou de amainar a animosidade. As novas gerações até esqueceram o tal polo, apesar da dívida institucional seguir inscrita no escaninho de uma história real. A visita dos edis ao projeto particular, talvez, reative a vocação de Ana Rech, com iniciativas que ponham o Poder Público a somar-se ao "Villa dei Troni", para que, de fato, o antigo distrito se torne um polo turístico. A Vila dos Presépios, por exemplo, bem que poderia servir de inspiração ao incentivo público à saga de Ana Rech, somando-se ao empreendimento particular.

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