Serviço supervisionado pela Secretaria da Educação já atendeu mais de 600 crianças com deficiências em oito anos
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05.08.2023 - 11h00min
Mais de 600 crianças e estudantes da rede municipal de ensino de Caxias com deficiência já foram beneficiados com o serviço de equoterapia em Caxias do Sul. Atualmente, 60 alunos são atendidos em um espaço instalado no Bairro São Virgílio. Há oito anos, a terapia é oferecida gratuitamente pela Secretaria Municipal da Educação (Smed). Na próxima quarta-feira (9) é celebrada o Dia Nacional da Equoterapia.
As sessões são realizadas individualmente, em grupos de oito a 10 crianças e estudantes em cada turno. Uma equipe multidisciplinar de profissionais fisioterapeutas, psicólogos, pedagogos e condutores de cavalos experientes acompanha todo o trabalho. A Smed disponibiliza transporte partindo do centro da cidade para aquelas famílias que não têm condições de se deslocar até o local.
Independentemente das condições meteorológicas, os encontros ocorrem todas as segundas, terças e quintas-feiras, em ambos os turnos, e na quarta-feira apenas pela manhã. Para se candidatar a uma vaga na terapia, é necessário encaminhamento da escola e laudo médico – todas as informações e orientações são prestadas pelo Atendimento Educacional Especializado (AEE) de cada escola.
Com a documentação em dia, a equipe multiprofissional da Smed fica responsável pela organização e monitoramento do serviço, que funciona em paralelo ao período letivo. Como a demanda costuma ser alta, o atendimento pode ser dividido em até duas turmas de 60 participantes, uma em cada semestre.
"Conseguimos ver na prática os resultados, a melhora na postura, no tônus muscular, na própria socialização e comportamento, na maior autonomia das crianças e estudantes, além de ver o prazer nos olhos deles. Houve uma situação, em que uma criança precisava fazer uma cirurgia na coluna e depois da equoterapia não foi mais necessário. É muito comum eles aderirem ao atendimento e não quererem parar. São estes retornos que fazem toda a diferença para nós", afirma a assessora pedagógica de Atendimento Educacional Especializado (AEE) da Smed, Juliana Zamboni.
A equipe de responsáveis pela organização do serviço de equoterapia na Secretaria se completa com o psicólogo Cassiano Camerin e a assistente social Eliete Leal, além da própria Juliana.
Prática com múltiplos benefícios
Cada sessão de atendimento tem duração de 30 minutos, como recomendado pela Associação Nacional de Equoterapia, e trabalha com as crianças e estudantes desde a chegada até a saída. A terapia para os alunos com deficiência começa sobre uma rampa, onde, com o auxílio dos instrutores, eles aprendem a montar com calma no cavalo. A partir daí, o percurso varia. É possível percorrer duas trilhas externas e o espaço interno, onde, nas paredes estão espalhadas atividades que estimulam o desenvolvimento intelectual da garotada, como o alfabeto e os números. Toda a terapia é realizada em cima do cavalo, para estimular principalmente a coordenação motora.
Quem tem familiaridade com o processo acumula relatos sobre os benefícios que a prática com os equinos traz às crianças e jovens. Paciência e tempo se revelam os grandes aliados para, por exemplo, aprender a subir no cavalo de maneira correta e com tranquilidade. Também se verificam progressos em coordenação e atenção e na habilidade de medir e controlar a força e a postura, além de relaxar e aproveitar o momento de recreação.
"Além dos resultados que já se espera, várias famílias vêm me relatar depois de um tempo que o comportamento da criança melhorou bastante em relação aos animais domésticos, porque ela aprendeu a lidar com calma com eles aqui. O funcionamento do intestino e a regulação do sono também, são resultados que a gente não imagina que possam sair através desta terapia, mas que às vezes acontecem e é maravilhoso", destaca a fundadora e coordenadora do espaço há 11 anos, Iara Rosane Anzanello.
Até acordar cedo fica bom
Lucas Teixeira Rodrigues, pai do Mateus, de sete anos, conta que o filho se encantou pela equoterapia em menos de um mês de atividade. Além de melhorar o foco, ajudou a facilitar a maneira como ele lida com a própria rotina.
"Na primeira vez que ele veio, não tinha medo do cavalo e sim, da altura. Agora ele já está bem acostumado e adora a terapia. Tanto que acorda na manhã de terça já sabendo o motivo de levantar cedo naquele dia. Ele não se importa de acordar mais cedo se for para ter seu momento de diversão com os cavalos", revela o pai do estudante do turno da tarde da Escola Municipal de Ensino Fundamental Alberto Pasqualini.
Já o Heitor, de apenas três anos, agregou a equoterapia a outros seis tipos de terapia para auxiliar no Transtorno de Espectro Autista (TEA), além de frequentar as aulas na Escola de Educação Infantil Maria Angélica. A mãe, Karina Schmitz Macchi, assegura ter percebido mudanças no equilíbrio e atenção do filho e destaca que o momento com os animais é um dos favoritos na intensa rotina do pequeno.
"Nem toda terapia é prazerosa para eles, e quando são muitas, se torna ainda mais complicado. O hiperfoco do Heitor são os animais, então, vir aqui uma vez por semana, interagir não só com os animais, mas com a natureza, ajuda e o deixa muito feliz, o que acaba refletindo na gente também, porque como estamos sempre presentes nas terapias, um ambiente distinto faz toda a diferença para nós", conclui.
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