Distinção foi concedida pela Câmara de Vereadores a partir da proposta do vereador Alberto Meneguzzi, que destacou a trajetória do homenageado
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29.02.2024 - 10h12min
Diante de um plenário lotado, o advogado Leonir José Taufe, 54 anos, não conteve as lágrimas, por diversas vezes, durante a solenidade que o tornou Cidadão Caxiense, na noite desta quarta-feira (28). A cerimônia de entrega da distinção concedida pela Câmara de Vereadores foi conduzida pela presidente Marisol Santos (PSDB). Já o pronunciamento em nome da Casa coube ao principal proponente da honraria, vereador Alberto Meneguzzi (PSB).
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"Esta é uma homenagem a um guri que saiu de União da Serra e veio para Caxias do Sul com o sonho de conquistar uma vida melhor. E busca deixar para história da cidade o seu nome. O Leonir é um amigo e irmão do coração", destacou Meneguzzi.
Ao considerar o percurso do agraciado semelhante ao de muitas pessoas que partiram de outros estados e países e ajudaram a constituir uma Caxias do Sul diversa, Meneguzzi contou que Taufe precisou dormir uma noite na rua assim que colocou os pés em solo caxiense. Ao recordar dos desafios enfrentados, segundo Meneguzzi, o homenageado foi às lágrimas assim que recebeu a notícia de que seria Cidadão Caxiense.
"Quando o Alberto me convidou para essa honraria, senti um misto de constrangimento, timidez e muita emoção. Achava que não merecia e que não era para mim este momento. Desde então, já convencido dessa proposta maravilhosa, comecei a refletir sobre os 35 anos de minha trajetória nessa cidade e sobre a importância de cada um nessa história. Por isso, quero compartilhar com vocês esse título", afirmou Taufe, olhando para a plateia.
Na sequência das reflexões, notou que sua trajetória em terras caxienses não é definida de grandes feitos, mas de grandes valores, como a fé, a solidariedade, a fraternidade e a humildade.
"E é com esse anseio que recebo o título de Cidadão Caxiense, acrescido agora de responsabilidade ainda maior com essa cidade. Caxias foi construída por mãos de imigrantes como eu. Caxias é a diversidade que está aqui representada nesse plenário. É o maior sentido desse título para mim", prosseguiu.
Ao falar de sua trajetória, nomeou e agradeceu autoridades que lhe acompanharam até aqui. Mas foi com as lembranças dos pais, dos almoços e da acolhida de amigos e da família da esposa Rose Brogliato que Taufe mais se comoveu.
"Desde a chegada a essa cidade, a casa de Severino e Alzira Brogliato foi meu porto-seguro, onde eu filava almoço e encontrei aconchego, cumplicidade e o grande amor da minha vida. Minha amada Rose, que me fortalece e me inspira a ser uma pessoa melhor a cada dia e ainda me deu a família de meus sonhos, como nossas amadas Lara, Luara e Laura, razão e orgulho de nossa vida. Esse título somente foi possível porque vocês acolheram um imigrante com generosidade, solidariedade e amor. Por isso, minha gratidão", expressou o homenageado, dedicando o titulo também à sua irmã Lisete Maria Taufe, que é freira missionária scalabriniana e não pôde comparecer no ato desta noite.
Taufe discorreu a respeito do que o motivou optar pela advocacia, de sua militância política e das funções desempenhadas no serviço público:
"A cidadania é referencial daqueles que lutam por mais direitos. Tenho consciência que ser cidadão caxiense é ser um sujeito desses direitos e tenho o compromisso na busca dessas garantias individuais e coletivas para todos".
Na mesa de autoridades, durante a sessão solene, estiveram presentes também a deputada federal Denise Pessôa (PT), o deputado estadual Pepe Vargas (PT), o secretário municipal da Habitação, Wagner Petrini (PSB), e o primeiro secretário do Legislativo, Felipe Gremelmaier (MDB).
Sobre o homenageado
Leonir José Taufe nasceu no interior de Guaporé − numa localidade que depois passou a integrar o Município de União da Serra − em 19 de abril de 1969. Seus pais, Margarida e Avelino, trabalhavam com olaria, plantio de hortaliças e criação de animais.
Teve 11 irmãos, curiosamente todos com nomes iniciando com a letra "L". Aos 12 anos, ingressou no Seminário Diocesano. Seguia a tradição das famílias do interior de mandar um ou mais filhos para exercerem a vocação religiosa.
Taufe cursou o Ensino Fundamental em Tapera e o Ensino Médio no Seminário Aparecida, em Passo Fundo. Iniciou o curso de Filosofia na Universidade de Passo Fundo. No período do seminário, organizou e participou de grupos de jovens e integrou a Comissão Pastoral da Terra (CPT), acompanhando a luta no acampamento Fazenda Anoni, em Ronda Alta.
Estudava e trabalhava nas atividades agrícolas, sendo que as férias também eram dedicadas ao trabalho, na colheita da uva ou ajudando os pais. Aos 18 anos, prestou serviço militar na Bateria de Comando da AD3, em Cruz Alta. Após a experiência na caserna, decidiu buscar outro rumo.
Escolheu viver em Caxias do Sul, cidade na qual desembarcou em 11 de janeiro de 1989, apenas com o soldo guardado do período de quartel. Como muitos migrantes que acessam Caxias na esperança de uma vida melhor, morou em pensões e repúblicas de estudantes, trabalhou muito para sobreviver e estudar.
Taufe atuou primeiro no comércio, como balconista da Servibras, e depois como monitor da Comissão Municipal de Amparo à Infância (Comai). Nesse período, participou dos movimentos de pastorais e sindicais, integrando a Juventude Operária Católica (JOC) e a diretoria do Sindicato dos Comerciários.
Logo fez o vestibular para o curso de bacharel em Direito na Universidade de Caxias do Sul (UCS). Durante o curso, foi eleito secretário-geral e depois presidente do Diretório Central de Estudantes (DCE). A formatura foi em 1995, no mesmo dia em que se casou com a jornalista Rose Brogliato. O casal tem três filhas: Lara, Luara e Laura. Moradores do Bairro Madureira, integraram-se à comunidade.
Taufe participou, com seu inseparável violão, da animação das missas na igreja católica São João Bosco. Faz parte da Associação de Moradores do bairro, como presidente do Conselho Deliberativo.
O advogado também integrou as gestões do prefeito caxiense Pepe Vargas (PT) de 1997 a 2004, atuando no Serviço Municipal de Água e Esgoto (Samae), como procurador (1998 a 2000) e diretor presidente (2000 a 2003), e dirigindo a Companhia de Desenvolvimento de Caxias do Sul (Codeca) até dezembro de 2004.
Nesse período, integrou a direção da Associação Nacional dos Serviços Municipais de Saneamento (Assemae) e cursou Engenharia Ambiental na UCS.
Atuou, ainda, como militante social e na direção do Partido dos Trabalhadores (PT). Foi vice-presidente, tesoureiro e coordenador de campanhas eleitorais entre 1998 e 2012. No ofício jurídico, dedicou-se às causas sociais, ambientais e trabalhistas. Fundou a Taufe e Tapia Advogados Associados, organização em que trabalha atualmente, com prioridade na área trabalhista.
Integra a Associação Gaúcha de Advogados Trabalhistas (Agetra) e a Associação Nacional de Advogados pela Democracia, Justiça e Cidadania (ADJC). Participou da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Subseção Caxias do Sul, de 2016 a 2021.
Paralelamente, numa visão de sustentabilidade, criou a Melhoramundo Empreendimentos Sustentáveis, agroindústria familiar que, a partir de um sítio em Santa Lúcia do Piaí, na localidade de Água Azul, produz e comercializa alimentos orgânicos, especialmente morango e noz-pecã.
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